Alto lá: o que Sepé Tiaraju diria nos dias de hoje

Parte do painel “Epopéia Rio-grandense, Missioneira e Farroupilha” no centro de Porto Alegre – Pintura de Danúbio Gonçalves

Texto em memória de Sepé Tiaraju, lembrado no 7 de fevereiro e eternizado pelos Guarani por sua luta em defesa da Terra e de todos os ambientes de vidas físicas e espirituais

Por Roberto Liebgott, Cimi Regional Sul.

Alto lá, genocidas, vocês têm as mãos sujas do sangue indígena, assim como tiveram os seus cruéis antepassados.

Alto lá, gerenciadores de um Estado nefasto, construído sobre os corpos dos originários filhos e filhas da Mãe Terra.

Alto lá, sistema que oprime, marginaliza e desumaniza indígenas, quilombolas, pobres, pretos e pretas deste Continente Ameríndio.

Alto lá, racistas e escravagistas, vocês obtêm suas riquezas roubando as forças vitais de homens e mulheres empobrecidos e vulnerabilizados.

Alto lá, governos ladinos, que prometem a justiça e o direito, mas traem os povos em função dos acordos com as elites criminosas.

Alto lá, políticos que se elegem jurando o Bem Comum, mas exercem seus mandatos amarrando-se aos interesses dos exploradores.

Alto lá, aqueles pastores, padres e bispos que desenvangelizam, porque tornaram seus púlpitos e templos em balcões de negócios.

Alto lá, capitães do mato, carne de minha carne, sangue de meu sangue, pele de minha pele, vocês traem nossos povos em troca de uma moeda.

Alto lá, togados do judiciário, vocês vulgarizaram as leis a serviço dos opressores, vinculando-se a eles pelas mordomias e privilégios.

Alto lá, ruralistas, fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, marginais do ambiente, matadores e devastadores de todas as formas de vida, em especial dos povos originários das Américas e da África.

Alto lá, saqueadores da Mãe Terra, fonte de vida e esperança, ela que é coletiva e comunitária, semente e fruto, partilha e comunhão, é o chão nosso de cada dia.

Alto lá, usurpadores de direitos, digo-lhes que os povos seguirão lutando em defesa da Constituição, pela demarcação das terras e territórios, dizendo não ao marco temporal – a tese dos genocidas.

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