“Não ao fascismo”: Lula enfrenta ultradireita fascista no parlamento português

O ato da extrema direita contra a presença do presidente brasileiro no parlamento português foi organizado pelo deputado André Ventura, que possui íntima relação com Eduardo Bolsonaro

Por Marcelo Hailer.

O presidente Lula (PT) discursou e participou nesta terça-feira (25) no parlamento português da comemoração do 49º aniversário da Revolução dos Cravos, que se deu no dia 25 de abril de 1974, data em que a ditadura de Portugal foi deposta.

Do lado de fora do parlamento português, deputados e militantes do Chega, partido de extrema direita de Portugal, protestavam contra a presença de Lula. Dentro da casa legislativa também houve protesto de alguns parlamentares extremistas, no entanto, o presidente brasileiro não se intimidou e enfrentou a turba fascista.

“A democracia no Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes. Os irmãos portugueses assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o Brasil desse as costas ao mundo […] A notícia que lhes trago é que as forças democráticas brasileiras demonstraram sua solidez e resiliência”, disse Lula.

Em seguida, Lula falou sobre o recrudescimento do fascismo. “O mundo tem enfrentado múltiplas crises nas últimas duas décadas. Temos visto o recrudescimento de ideologias extremistas, impulsionadas pela ditadura dos algoritmos. Elas reduzem o espaço para o diálogo e a empatia, propagam o ódio e constrangem a expressão de nossa humanidade”.

Posteriormente, Lula rebateu diretamente aqueles que o atacaram no parlamento português. “Aqui na Europa, políticos demagogos que dizem não serem políticos, negam os benefícios conquistados no continente em décadas de paz, cooperação e desenvolvimento dentro da União Europeia. Eu considero a integração resultante da União Europeia um patrimônio democrático da humanidade. E eu vi no Brasil, a consequência trágica que sempre acontece quando se nega a política, se nega o diálogo”.

Lula enaltece a Revolução dos Cravos

Em outro momento de seu discurso, Lula versou sobre o significado histórico da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal. “Retorno aqui ao exemplo do 25 de Abril. A Revolução dos Cravos não marca apenas o começo da jornada de Portugal rumo à liberdade e à democracia. Marca também o fim da trajetória de Portugal como potência colonial. O 25 de Abril nos mostra que uma potência militar que enfrenta um povo em luta pela liberdade jamais poderá vencê-lo. Poderá, no máximo, prolongar o conflito indefinidamente e assim tornar mais custoso o inevitável acerto de contas com sua própria população”.

Lula voltou a criticar a guerra como solução para qualquer espécie de conflito e novamente defendeu o processo de paz entre a Rússia e a Ucrânia.  “Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da História. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política. O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”.

“É preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares. As crises alimentar e energética são problemas de todo o mundo. Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia”, prosseguiu Lula.

Após o término de seu discurso, Lula foi aplaudido de pé pelos presentes.

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