O Chefinho – Ainda de Férias. Por Guigo Ribeiro.

Bom domingo para todas e todos!

Iniciamos a tarefa e, antes da Retrospectiva, recebemos o retorno do nosso querido Guigo Ribeiro. Acabaram as férias para ele, para O Chefinho, não.

Acompanhe-nos nas retrospectivas da semana e de 2019 até as 21h.

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Por Guigo Ribeiro, para Desacato.info.

Passada a euforia de fim de ano, todos meros mortais retornaram aos seus postos de trabalho. Antes, comeram tudo que tinham direito em homenagem ao Cristo e, de branco, imploraram e prometeram o melhor. Voltaram à realidade e sentiram saudade do filme fim de ano. Todos, menos o Chefinho. Ele permanecia de férias.

O Chefinho legalmente não tinha direito às férias. Mas era chefe. E partiu rumo ao descanso que julgava merecido, concedido por Deus. Ou melhor. Pelo pai. Conheceu os lugares que queria conhecer, se vangloriou nas redes por ressacas gigantescas, pousou para tantas fotos e encasquetou que queria o amor de uma canadense. Infeliz com seu triste roteiro amoroso, decidiu que só voltava quando alcançasse seu objetivo de sair com ela. Em conversas com os “brothers”, garantiu que não falar a língua da moça seria bobagem:

– Com aqueles comprimidos e injecões, meu abdômen tá fera! Ela vai pirar! – algo não correspondente à realidade, mas resolvido posteriormente com plásticas, protestos indignados, tentativa de vídeo viralizado, além de um mar de notas como indenização.

O pai, um Deus na ótica do Chefinho, implorou por seu retorno. Chegou a perder a cabeça ao afirmar que a volta “era pra dar exemplo, não tanto pelo trabalho” prontamente se arrependendo visto o choro descontrolado do filho. E entendeu que o seu menino, na verdade, queria o amor da canadense. Chegou a estar feliz com o “menino que tomou jeito”. Não era bem isso. O Chefinho foi elegantemente rejeitado pela moça. Dentro do que conseguiu dizer, deixou claro o interesse por outras coisas e que a viagem em si era muito mais excitante. O Chefinho achou que era jogo e prometeu só partir quando ter uma história verdadeira sobre ela. E também para objetivo pessoal. Em sua concepção, havia uma meta de conquistas amorosas. Assim explicava:

– Se eu saio com uma mulher daqui, somo 1. Se é gringa, é 3.

Do mesmo jeito que tudo do estrangeiro era melhor:

– Papai, cê não sabe. Aqui tem metrô! Ele é rápido. Precisa ver. E os artistas de rua? Todos, mas todos dão um show! Você vê o talento e como, de tão bons, vivem dignamente com o trabalho. Acho que o sujeito que bate palma aqui é melhor que nossos artistas, papai. E a comida… – certa vez ao telefone.

Deslumbrado. Deslumbrante.

Pelo objetivo, o Chefinho acordou feliz e lá vou zanzar pelo hotel na busca pelo que queria. Nada da moça nas piscinas, praia. Nada. Concluiu que a moça foi embora. Inconformado, pensou em reclamar para o pai ou do hotel, mas caiu na cama em lágrimas pensando como mentiria para os “Brothers” sobre o não sucesso amoroso. Pelas tantas, ligou para o pai e desabafou:

– Não fica assim, meu menino. Quem perdeu foi ela.

– Eu sei. Vou ficar bem. Mas me diz. Como tá a empresa? – enxugando o resto das lágrimas.

– Pois é… e a empresa? Filhote, não quero que se ofenda, mas o que vai fazer?

– O certo, papai. Você sabe…

– Fico feliz, filhote. Quando embarca de novo?

– Mês que vem. Tive a impressão de uma alemã ter dado bola pra mim hoje! – desligando.

Guigo Ribeiro é ator, músico e escritor, autor do livro “O Dia e o Dia Que o Mundo Acabou”, disponível em Edfross.

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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