Mulheres vão às ruas neste sábado por democracia e para colocar igualdade em pauta nas eleições

Estão previstos atos em todos os estados e no Distrito Federal, incluindo fora das capitais

Por Nicolau Soares, para Brasil de Fato.

Mas o ódio do presidente às mulheres aparentemente é recíproco. Em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, nós, mulheres, fomos as primeiras a ir às ruas gritar: “Ele Não” – Foto: Joyce Fonseca

Mulheres dos campos, das águas, florestas e cidades de todo o Brasil estarão nas ruas neste sábado (13) para defender a democracia, eleger Lula e colocar na pauta das eleições o modelo de sociedade defendido pelos movimentos feministas e populares.

Será o dia da mobilização “Mulheres juntas pelo Brasil”, iniciativa do Comitê Popular de Luta Nacional “Mulheres com Lula”, com participação dos principais movimentos populares de mulheres.

De acordo com a organização, estão previstos atos em todos os estados e no Distrito Federal, incluindo manifestações fora das capitais.

O manifesto (leia aqui) convoca as mulheres a “irem às ruas de todo o país para lutar contra a fome, a miséria, a reforma Trabalhista, a violência contra a mulher e por um Brasil sem machismo, racismo, desigualdades e exclusões sociais.”

“Também vamos reafirmar nosso direito de decidir, nas urnas, o projeto que melhor representa as nossas lutas históricas por liberdade, autonomia, por viver sem racismo, sem machismo, por soberania alimentar, energética e nacional, por agroecologia e relação justa entre nós e entre nós e a natureza”, continua o texto.

Para a militante Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres, as mulheres têm ocupado a linha de frente dos enfrentamentos pela democracia e por direitos nos útlimos anos, desde a luta contra o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, passando pelas últimas eleições, com o #EleNão, e pelas manifestações “Bolsonaro Nunca Mais”, em dezembro de 2021.

“Durante todos esses anos, desde a campanha em 2018, as mulheres estão mostrando e se posicionando como a ação do Bolsonaro é incompatível com qualquer melhoria de vida, qualquer transformação no sentido da construção da igualdade, ao contrário. E isso foi se confirmando de forma muito mais drástica do que se podia imaginar”, afirma.

“Já sabíamos que era um governo extremamente de direita, neoliberal, com corte extremamente conservador e até neofascista, mas o que a gente viu durante a pandemia, como ele reagiu, e todas as outras coisas que se seguiram em seu governo foram demonstrando isso.”

Esse contexto exige dos movimentos populares em geral, e das mulheres em especial, uma “forma de atuação diferente do que fazíamos em eleições anteriores”, diz Nalu. “É por isso que um grande campo dos movimentos desde o início se posicionou pela candidatura do ex-presidente Lula como a nossa principal estratégia para, nesse momento, derrotar o bolsonarismo, derrotando o neoliberalimo e ao mesmo tempo recuperando o processo democrático”.

“É sobre nossos corpos que nós sentimos os efeitos dessa crise, seja no sobre trabalho, na precarização das nossas vidas, no aumento da violência. Na perseguição aos nossos direitos, de meninas que têm direito por exemplo a interromper uma gravidez fruto de estupro, no aumento da violência aos jovens e às mães que lidam com o luto da perda de seus filhos, a fome que aumenta”, enumera. “É no dia a dia das mulheres que nós estamos lutando para sustentar a vida e para justamente que essa sociedade se organize de uma outra forma.”

A ativista acredita que os atos também servirão de impulso para a participação das mulheres na campanha eleitoral, que começa oficialmente na próxima terça-feira (16). Com isso, agir para pautar no debate tanto temas considerados setoriais das mulheres – como o combate à violência de gênero e ao feminicídio, o direito ao aborto e à decisão sobre os próprios corpos, acesso à saúde e métodos contraceptivos, que, frisa Faria, não tem nada de setoriais –, quanto uma transformação mais profunda da sociedade.

“Nós temos colocado isso o tempo todo. Não tem como a gente pensar a igualdade se ela não for para todos, todas e todes. Isso significa pensar uma transformação integral desse modelo, romper com as bases materiais do que organiza as relações de opressão e desigualdade na sociedade”, explica.

“Nossa perspectiva é justamente trabalhar a interdependência entre os seres humanos. Todos, todas e todes necessitamos de cuidado. Trabalho doméstico é algo que é condição básica para nossa existência. Então, temos que pensar uma sociedade em que essa questão não seja confinada como uma coisa das mulheres individualmente, mas que seja responsabilidade do Estado, da sociedade, da comunidade, dos homens. E isso implica não só numa divisão de tarefas na casa, mas numa transformação de como a gente pensa a organização de nossa sociedade que implica também a relação com aquilo que a gente produz, e como a gente produz.”

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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