Mulheres do MST ocupam área da Codevasf, em Juazeiro, na Bahia

Movimento sem terra afirma que desde 2008 há acordo para regularizar área, no entanto espera ação do Incra e governo

Por Coletivo de comunicação do MST na Bahia

Por Brasil de Fato

Na manhã deste domingo (10), cerca de 300 mulheres do acampamento Terra Nossa, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizaram uma ação na área que pertence à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na área rural da cidade de Juazeiro, região norte da Bahia.

Segundo o movimento sem terra, a ocupação é uma forma de pressionar o governo federal e demais autoridades a regularizar a situação do acampamento em que vivem as famílias.

Uma liderança que preferiu não divulgar o nome afirma que o acampamento está quase um ano sem acesso à agua. O Terra Nossa foi instalado em abril do ano passado e, segundo a liderança, “sem acesso à água para a produção e um reservatório imenso de 51 hectares em frente ao acampamento de forma privatizada”, disse em relação à área da Codevasf.

O MST defende que, desde 2008, existe um acordo firmado entre a Codevasf, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o governo federal e o MST para assentar mil famílias. Mas, segundo o movimento, apenas 192 famílias estão assentadas e pouco mais de 5.500 hectares regularizados.

“Nós estamos no acampamento Terra Nossa com mais de 300 famílias sem acesso à água para a produção. Queremos terra, mas também queremos água para produzir”, afirma a liderança em anonimato.

“A produção de alimentos saudáveis é essencial para matar fome da população brasileira. Então, a nossa tarefa aqui é pautar especialmente a democratização do acesso à água. Seguiremos em luta por nossos corpos e territórios”, finaliza.

O Brasil de Fato entrou em contato com a Codevasf e com o Incra. Em resposta a Codevasf disse que ” a água disponível no Projeto Público de Irrigação Salitre (BA) destina-se aos agricultores regularmente instalados no empreendimento. A maior parte dos produtores atendidos pelo Projeto pratica a agricultura de caráter familiar — são 255 produtores familiares e 68 produtores empresariais, que atuam em 5,1 mil hectares. A outorga emitida pelo órgão regulador é específica para uso da água no Projeto Salitre”. Sobre o possível acordo firmado desde 2008 para assentar as famílias, a Companhia não respondeu.

Segundo o MST, a ação faz parte das mobilização do “março de lutas”, em referência ao dia 8 de março, Dia Internacional de Lutas das Mulheres. Na última sexta-feira (8), pelo país inteiro, mulheres sem terra fizeram protestos. Em São Paulo (SP), cerca de 200 mulheres do MST fizeram uma manifestação em frente à loja Conceito AMTT, revendedora de armas das empresas de armas e cartuchos, Taurus e CBC.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.