Generais Braga Netto e Heleno serão presos?

A megaoperação da Polícia Federal nesta quinta-feira (8), batizada Tempus Veritatis (Tempo da Verdade), atingiu vários oficiais de alta patente.

Imagem: @geandretomazoni/@_bijari/@designativista/Mídia Ninja

Por Altamiro Borges

Até agora, os generais que participaram ativamente das orquestrações golpistas no país, que resultaram nas cenas de terrorismo em Brasília no 8 de janeiro de 2023, estavam totalmente impunes. Alguns inclusive tinham sumido dos holofotes da mídia, gozando de abjeta impunidade. Agora, porém, o cenário parece que mudou. A megaoperação da Polícia Federal nesta quinta-feira (8), batizada Tempus Veritatis (Tempo da Verdade), atingiu vários oficiais de alta patente. Gravações confirmam que eles faziam parte do “núcleo político” do golpe.

Um dos mais enrolados é o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro e seu vice nas eleições de 2022. Segundo matéria do jornal O Globo, mensagens obtidas pela PF nos celulares dos alvos da operação mostram que ele “proferiu uma série de xingamentos e ofensas a integrantes da cúpula das Forças Armadas que não aderiram aos planos de golpe de estado. Em uma delas, Braga Netto se refere ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, como ‘cagão’, e pede para que a cabeça dele seja oferecida”.

O veneno destilado pelo ex-ministro da Defesa

Os diálogos que incriminam o golpista foram liberados por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a megaoperação policial. Num dos trechos da decisão, ele enfatiza: “O investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO, inclusive, chegou a encaminhar para AILTON BARROS mensagem que teria recebido de um ‘FE’ (Forças Especiais), com a seguinte afirmação: ‘Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do General FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente’. Em resposta, AILTON BARROS sugere continuar a pressionar o General FREIRE GOMES e caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado afirmou ‘vamos oferecer a cabeça dele aos leões’”.

Conforme lembra a reportagem, Ailton Barros é um ex-militar que foi candidato a deputado estadual pelo PL – o partido de Jair Bolsonaro. Em outra mensagem, o ex-ministro da Defesa ainda destina veneno contra o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o tenente-brigadeiro Baptista Júnior. “Em 15 de dezembro de 2022, em mensagem a Ailton Barros, o ex-general o orienta a atacar Baptista Júnior, a quem adjetivou de ‘Traidor da pátria’. Nas mensagens, ele ainda elogia o ex-comandante da Marinha Almir Garnier” – um dos bandidos mais empolgados com a proposta do golpe de Estado.

Na sua decisão, o ministro do STF afirma que as conversas comprovam a participação do general Braga Netto “na tentativa de golpe de Estado, com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”. Ele ainda destaca que a investigação da Polícia Federal “traz elementos indicativos da real expectativa que permeava o grupo quanto à permanência no poder”.

“Virar a mesa antes da eleição”

Outro bastante encrencado é o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do fascista. Numa reunião com Jair Bolsonaro em julho de 2022, o milico “gagá”, segundo definição do próprio ex-presidente, explicitou seus intentos golpistas e terroristas. “Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições. Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, afirmou o general criminoso.

“Segundo o relatório da PF, a reunião da ‘alta cúpula do governo federal’ no dia 5 de julho foi convocada por Jair Bolsonaro. Estavam lá também os ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além do chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, e do ex-chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice de Bolsonaro, Braga Netto. Gravação dessa reunião foi apreendida no computador do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Barbosa Cid”, descreve o jornal O Globo.

Diante das evidencias contra os generais Braga Netto e Augusto Heleno e contra tantos outros oficiais de alta patente, será que eles finalmente serão punidos? Serão julgados e condenados? Passarão algum tempo no xilindró? Em outros países, inclusive nos EUA, esses crimes resultariam longas penas de prisão. E no Brasil? Será mantida a tradição de acobertar os militares golpistas e terroristas? Uma nova anistia será concedida? A conferir!

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