Caminhos abertos para música brasileira

Desde 2012 em cena, Aláfia segue se reinventando em um encontro da ancestralidade e nossos tempos

Imagem: Reprodução

No palco, uma mistura de muitos corpos, cores, vozes e cantos. Aláfia, que significa ‘caminhos abertos’ em Iorubá, é uma grande banda, isso por serem treze músicos, mas também no que evocam. Em cena, o grupo está acompanhado pelos seus ancestrais, cantando a violência, o genocídio, o racismo, mas também o afeto, o amor, o mítico, o candomblé; cantando o urbano, os movimentos, os encontros, o nosso tempo.

Na última quinta-feira (23), Aláfia esteve em Curitiba em uma apresentação no Teatro Paiol, através do projeto “Brasis no Paiol”. Com preços acessíveis, o grupo tocou o público presente com sua energia: “Falar do embate somente não nos dá o caminho de cura. Nesse tempo de Aláfia, a gente foi descobrindo a importância do afeto nessa estrutura. Porque quando a gente fala de genocídio, o que vivemos, a gente tá falando de dor e sofrimento, e os caminhos abertos para isso vem através da compaixão, do afeto”, explica Jairo Pereira, uma das vozes do grupo.

Desde 2012 na ativa, o grupo afirma ainda estar em processo de encontros e formação, reunindo pessoas e propostas de linguagem: “Sem esses encontros o Aláfia não tem sentido, nem para se formar, nem para se estabelecer, nem para se comunicar com o público. O Aláfia cultua o caminho e uma das funções do caminho é encontrar as coisas”, conta Eduardo Brechó, que compõe os vocais da banda, e um dos proponentes desse aquilombamento.

E a amplitude musical é mesmo vasta, com três discos já lançados, o grupo segue na proposta de se reinventar a partir de tudo que viveu e questionar marcas até então instauradas: “A gente vem desde sempre sendo chamado de funk candomblé, mas candomblé não é estilo musical, é uma visão de mundo. Candomblé não é um toque de tambor, é um estilo de vida. Então, o que o Aláfia fizer em estilos musicais, é candomblé porque é nossa formação, mas também por uma escolha política”, reforça Brechó.

É do funk, rap, MPB, música de terreiro e black music que vêm as referências da banda. Para o próximo disco, o grupo pretende falar de pessoas próximas, artistas brasileiros, muitos que não foram reconhecidos por estruturas como a indústria cultural e o racismo. “É também uma reverência falar das e dos musicistas mais recentes, que estão em passagem e isso fez também que o nosso som mudasse, vocês vão sentir algo mais clássico”, atiça Brechó.

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