Temer fracassa e mercado reduz projeção de crescimento pela quarta vez

Nem mesmo o mercado financeiro - aliado de primeira hora de Michel Temer - acredita mais no discurso do governo sobre a recuperação da economia e está cada vez mais difícil manter o otimismo diante da realidade. Pesquisa do Banco Central (BC) mostra que as instituições financeiras reduziram, pela quarta vez seguida, a projeção de crescimento do PIB para este ano, que passou de 2,76% para 2,75%.

Foto: Reprodução Internet.

Há quatro semanas, a estimativa estava em 2,89%. Para 2019, a expectativa permanece em 3% há 12 semanas seguidas. Os dados constam do Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central às segundas-feiras.

O presidente Michel Temer tem anunciado que o país já se recuperou da crise, sem levar em conta que, em apenas dois anos, houve uma retração de mais de 7% do PIB. Nesse cenário, o crescimento de 1% em 2017 foi pífio e muito em função de fatores que não deverão se repetir este ano, como a super safra agrícola e a liberação das contas inativas do FGTS.

Reforçando o que dizia Henrique Meirelles, seu antecessor, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, manteve nesta quinta-feira (19) a estimativa oficial de que o Brasil vai crescer 3% em 2018, algo em que mais ninguém acredita.

A tão propalada melhora da economia não tem se refletido na redução do desemprego. A reforma trabalhista, justificada como saída para os problemas da economia – e em especial do mercado de trabalho -, também não teve o condão de aumentar o consumo, como já era anunciado por sindicalistas e pesquisadores. Pelo contrário.

A explosão do emprego informal, por conta própria e precarizado não geram a mesma propensão ao consumo que o emprego formal e com melhores condições de trabalho. Sem segurança de que se manterá empregado ou com salários mais baixos, o trabalhador se sente menos estimulado a comprar – uma equação lógica.

E, sem contar com o consumo das famílias e do próprio governo – que desidratou investimentos -, a iniciativa privada não tem porque investir, mantendo a atividade econômica em patamares muito baixos.

De olho nos próprios interesses – muito distantes da maioria do povo brasileiro -, o mercado já não crê sequer que Temer conseguirá avançar na aprovação novas medidas da agenda neoliberal. Falta apoio ao peemedebista, especialmente para sustentar ações tão impopulares em ano eleitoral.

Depois do fracasso das mudanças na legislação laboral e na tentativa de recuperar o otimismo dos donos do dinheiro, o governo quer fazer a população crer que a retomada agora depende da aprovação de mais reformas.

De acordo com Guardia, só será possível acelerar o ritmo de crescimento do Brasil caso pautas como a reforma da Previdência Social e a privatização da Eletrobras se concretizem – as tais pautas que agradariam ao mercado.

Diversos especialistas indicam, no entanto, que tratam-se de medidas que nada têm a ver com a retomada do crescimento. Na verdade, representarão perdas para os trabalhadores e o Estado brasileiro.

O Boletim Focus aponta que a estimativa para a inflação subiu, após dez semanas consecutivas de redução. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA – a inflação oficial do país) passou de 3,48% para 3,49%.

Mas, com a percepção de que a recuperação deve mesmo ser mais difícil do que a gestão Michel Temer alardeava, a projeção segue abaixo do centro da meta de 4,5%, mas acima do limite inferior de 3%. Para 2019, a estimativa para a inflação foi ajustada de 4,07% para 4%, abaixo do centro da meta (4,25%).

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