Produzida em Florianópolis, série Crisálida estreia na Netflix e apresenta o universo de jovens surdos

Imagem: Divulgação

Crisálida, a primeira série do Brasil em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e português, estreia em maio na Netflix. Produzida em Santa Catarina, a obra retrata situações familiares, sociais e psicológicas vividas por surdos — no Brasil, cerca de 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva (IBGE 2010). Por meio do cruzamento de narrativas sensíveis e personagens fascinantes, mostra como o contato com a língua de sinais pode ser um agente transformador e de conexão.

Os diálogos são na maior parte em Libras, entre surdos e entre surdos e ouvintes.

— A obra não tem nenhum caráter assistencialista. O desafio foi fazer entretenimento sem mostrar pessoas surdas como coitadas. Conseguir colocar a série numa plataforma como a Netflix, fazer com que seja reconhecida e valorizada é um sonho e que evidencia a importância real de transformação social. Principalmente num país onde o audiovisual foi deixado de lado — afirma a autora, Alessandra da Rosa Pinho.

Até a estreia numa das plataformas mais populares de streaming do mundo, os produtores percorreram um longo caminho. O projeto foi criado em 2014 por Alessandra, produtora audiovisual e então estudante de Letras – Libras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Foi graças ao edital do Fundo Municipal de Cinema (Funcine) de Florianópolis — há anos parado — que foi possível produzir o episódio piloto. Com direção de Serginho Melo e fotografia de Edison Fattori, estreou no festival Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) e de  lá ganhou as palmas do público e os convites para festivais e eventos da comunidade surda.

— O prêmio do Funcine foi importante. Era uma produção inovadora e o valor foi pouco: R$ 20 mil. Um valor simbólico, mas que viabilizou o piloto. Custou mais do que recebemos, mas abriu portas e parcerias — conta Alessandra.

O piloto foi transformado em curta-metragem e ganhou o mundo e prêmios importantes. Atualmente, o curta está licenciado para a TV Brasil e disponível nas plataformas Videocamp, Filmes que Voam e Kinobox. Em 2016, o projeto foi contemplado no Prêmio Catarinense de Cinema para a produção de quatro episódios de 30 minutos.

— Ao longo desse processo fomos deixando a série mais madura — avalia a autora.

Por fim, a série Crisálida foi ampliada para o público adulto e desenvolvida a partir da parceria de três produtoras: Arapy Produções, do jornalista Paulo Markun; Raça Livre Produções, da autora e produtora Alessandra da Rosa Pinho; e TVi Televisão e Cinema, da jornalista Laine Milan. A pré-estreia foi em dezembro de 2018, na mostra Surdocine, do Festival Internacional 7o Curta Brasília. Em setembro de 2019 estreou na TV Cultura e teve enorme repercussão junto ao público e à imprensa. Foi então que um novo produto foi criado, o longa-metragem Crisálida – O Filme, destinado a mostras e festivais.

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