PF encontra decreto de estado de sítio em sala de Bolsonaro

Foto: Sergio Lima/AFP

Por DW.

Polícia Federal (PF) encontrou nesta quinta-feira (08/02), durante operações de busca e apreensão na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, um documento não assinado que anuncia a decretação de um estado de sítio e da Garantia da Lei e da Ordem no Brasil.

O documento foi encontrado na sala do ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do PL, em uma das missões de busca e apreensão realizadas pela PF durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito. O objetivo do grupo era rejeitar uma possível derrota eleitoral de Bolsonaro e encontrar meios de mantê-lo no poder.

No documento apócrifo, redigido em forma de discurso, é mencionada a “necessidade de restauração da segurança jurídica e de defesa às liberdades em nosso país”.

Com citações ao “princípio do iluminismo” e ao filósofo grego Aristóteles, o texto afirma que a “restauração” – na verdade, uma ruptura – do Estado democrático de direito deveria ocorrer “dentro das quatro linhas da Constituição”, uma expressão bastante utilizada por Bolsonaro.

“Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem”, diz o texto.

O documento foi encontrado na mesma operação que acabou com a prisão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por porte ilegal de arma, também na sede do PL em Brasília.

Mandados de busca e apreensão

A operação da PF nesta quinta-feira teve como alvo, além de Bolsonaro, vários ex-membros de seu governo e aliados, como o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça).

Até o momento, foram presos na operação Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL.

Bolsonaro teve seu passaporte apreendido e foi proibido de fazer contato com os demais alvos da operação.

Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares que incluem a proibição de manter contato com outros investigados, de se ausentar do país – com entrega dos passaportes – e a suspensão do exercício de funções públicas. Ao menos 16 alvos da operação são militares.

A operação, deflagrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexander de Moraes, é decorrente da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e de outras investigações.

 

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