Por Brasil de Fato.
Dois dias após o primeiro-ministro libanês ter advertido sobre possíveis consequências de novos ataques em seu território, Israel matou um comandante do grupo armado Hezbollah, aliado do Hamas, num ataque no sul do Líbano nesta segunda (8) e intensificou ataques em território sírio, no que parece ser uma nova estratégia contra o fluxo de armas na região.
Wissam al-Tawil, vice-chefe de uma unidade da força de elite conhecida como Radwan, e outro combatente do Hezbollah foram mortos quando o carro em que estavam foi atingido em um ataque à vila libanesa de Majdal Selm.
“Este é um golpe muito doloroso”, disse uma fonte no Líbano entrevistada pela agência Reuters. Outra fonte afirmou: “As coisas vão se intensificar agora”.
Em dois discursos televisionados na semana passada, o secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, havia advertido Israel para não iniciar uma guerra em larga escala no Líbano. “Quem pensar em guerra conosco, em uma palavra, vai se arrepender”, disse.
Ataques israelenses mataram mais de 130 combatentes do Hezbollah no sul do Líbano desde 7 de outubro. Outros 19 foram mortos na Síria, mais que o dobro das vítimas no restante de 2023, segundo contagem da agência Reuters. As tensões aumentaram após o assassinato do dirigente do Hamas Saleh al-Arouri, em Beirute, na semana passada.
Durante a noite, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram ter atingido “numerosos alvos do Hezbollah”, incluindo posições de lançamento de foguetes e um complexo militar no Líbano.
O Hezbollah também reivindicou ataques bem-sucedidos contra posições militares israelenses, incluindo quartéis. Um foguete teria caído na cidade israelense de Kiryat Shmona, perto da fronteira com o Líbano. Não foram relatadas vítimas ou danos.
Síria
Israel está realizando uma onda sem precedentes de ataques letais na Síria, visando caminhões de carga, infraestrutura e pessoas envolvidas na linha de abastecimento de armas do Irã para seus aliados na região, informaram seis fontes familiarizadas com o tema, segundo a agência Reuters.
Embora Israel esteja habituado a atacar alvos vinculados ao Irã na Síria, incluindo em áreas de atuação do Hezbollah, a ofensiva agora parece ser mais mortífera, o que, segundo as fontes, configura uma mudança de estratégia.
“Costumavam disparar tiros de aviso perto do caminhão. Nossos homens saíam do caminhão e então acertavam o caminhão”, disse um comandante do Hezzbollah, ao descrever a metodologia prévia ao 7 de outubro, quando ataques do Hamas desencadearam a ofensiva israelense.
“Agora isso acabou. Israel está agora realizando ataques aéreos mais mortíferos e frequentes contra transferências de armas iranianas e sistemas de defesa aérea na Síria. Eles bombardeiam diretamente. Eles bombardeiam para matar”, afirmou.
Gaza
Em Gaza, continua a ofensiva. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), suas tropas teriam matado dez supostos “terroristas” em Khan Younis, no sul de Gaza, que estariam se preparando para lançar foguetes em direção ao território israelense. E teriam atingido dezenas de outros alvos na mesma cidade e em outros pontos da Faixa de Gaza, incluindo infraestrutura subterrânea e instalações de armazenamento de armas.
No campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, houve relatos no domingo de dezenas de pessoas mortas em ataques aéreos israelenses. As imagens de Jabalia mostram corpos deitados nos destroços de um prédio destruído, muitos deles de mulheres e crianças. O exército israelense alega ter agido contra um “alvo militar”.
Jabalia foi atingido várias vezes desde o início do massacre de Israel contra a Palestina, que já deixou quase 23.000 pessoas mortas, a maioria mulheres e crianças.
Cisjordânia
Na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel, relatos de violência se intensificaram nos últimos dias. Em Jenin, sete pessoas foram mortas após um ataque aéreo israelense. Nos arredores de Jerusalém, a polícia israelense matou uma menina palestina de três ou quatro anos (a idade varia e acordo com a fonte) ao abrir fogo contra um carro suspeito de atropelar dois israelenses em um cruzamento.
Segundo a IDF, um oficial de fronteira israelense foi morto e vários outros ficaram feridos quando o veículo em que trafegavam atingiu um explosivo. A Brigada de Jenin, ala armada do movimento Jihad Islâmica Palestina, reivindicou a responsabilidade pelo ataque.
Diplomacia
O G7 está buscando uma “saída rápida” para o que se convencionou chamar de fase militar do conflito em Gaza, disse nesta segunda o Ministério das Relações Exteriores da Itália, país que assumiu a presidência rotativa do grupo que reúne os países mais desenvolvidos do Ocidente e o Japão.
Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e seus colegas da União Europeia e da Alemanha fazem um giro diplomático pela zona de conflito. Em sua quarta visita à região desde o início do conflito, Blinken emitiu um alerta no domingo. “Este é um conflito que pode se espalhar facilmente”.
O secretário esteve nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita antes de seguir para Israel nesta segunda. No mesmo dia, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, esteve em Israel, onde afirmou que o país tem o dever de proteger os palestinos na Cisjordânia. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, visitou o Líbano.