ONU pede investigação sobre mortes de jornalistas palestinos; ao menos 112 morreram

Abdullah Baris e Muhammad Abu Dayer, profissionais da imprensa em Gaza, morreram nesta segunda-feira (08/01) após ataques israelenses, seguido das mortes de Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya, no dia anterior

Do lado esquerdo, Wael al-Dahdouh, jornalista-chefe da Al Jazeera; do direito, seu filho Hamza al-Dahdouh, morto neste domingo (07/01). Foto: Twitter/FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil

Por Rocio Paik, Opera Mundi.

Os recentes ataques israelenses na Faixa de Gaza têm atingido profissionais da imprensa local e correspondentes que trabalham na linha de frente para relatar os estágios da guerra no território palestino.

Diante dos seguidos relatos de profissionais mortos pela ofensiva liderada por Tel Aviv, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos se manifestou, nesta segunda-feira (08/01), declarando “muita preocupação” pelo “número elevado” de jornalistas palestinos mortos na região.

Por meio de um comunicado publicado em rede social, o órgão internacional mencionou Hamza Al-Dahdouh e Mustafa Thuraya, dois comunicadores que morreram no dia anterior pela ofensiva israelense, defendendo “uma investigação profunda e independente” sobre os ataques.

O comissariado, liderado por Volker Türk, fala também na necessidade de uma apuração “rigorosa” que seja capaz de respeitar o direito internacional, além de indicar que todas as violações devem ser processadas.

Mortes em série

Nesta segunda-feira (08/01), Abdullah Baris e Muhammad Abu Dayer perderam suas vidas na Faixa de Gaza após serem vítimas do “contínuo bombardeio da ocupação israelense”, de acordo com o gabinete de Comunicação Social do governo palestino.

Um dia antes, outros dois funcionários da imprensa, Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya, também haviam sido mortos por um ataque aéreo liderado pelo exército de Tel Aviv, que atingiu um carro perto de Rafah, no sul do território palestino.

A emissora catari Al Jazeera lamentou a morte de dois de seus profissionais, incluindo Hamza, que era filho do jornalista-chefe do canal,  Wael al-Dahdouh. O veículo denunciou Israel pelo “assassinato seletivo”, enquanto o chefe do grupo de defesa Repórteres sem Fronteiras classificou o cenário como um “massacre sem fim”.

“Pedimos ao Tribunal Penal Internacional, aos governos, às organizações de direitos humanos e às Nações Unidas que responsabilizem Israel pelos seus crimes hediondos e exijam o fim da perseguição e morte de jornalistas”, afirmou a Al Jazeera, em comunicado.

Nesta segunda-feira, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas declarou que os profissionais de imprensa na Faixa de Gaza e estão sob constante risco “enquanto lutam para relatar o impacto da guerra”:

“Aqueles em Gaza, em particular, pagaram e continuam pagando um preço sem precedentes, além de enfrentar ameaças exponenciais”, foram as palavras proferidas por Sherif Mansour, da organização, lamentando a situação em que “muitos perderam colegas e familiares”.

O gabinete de Comunicação Social de Gaza contabiliza, até o momento, 112 jornalistas mortos na região em menos de três meses, a partir de 7 de outubro, quando Israel passou a intensificar seus ataques contra o território palestino.

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