Esquema para salvar Cunha reforça tese de golpe em Dilma

Jornal GGN – A Câmara assina o atestado de “covardia” e demonstra medo de Eduardo Cunha (PMDB) ao aceitar o esquema para livrar o deputado da cassação em plenário. A opinião é do jornalista Kennedy Alencar.

Segundo artigo publico nesta quinta (11), o “presente” para Cunha – marcar a cassação para um dia em que o quórum será baixíssimo – é sinal claro de que os parlamentares não querem pagar para ver o que o ex-presidente da Casa pode entregar à Justiça caso perca o mandato, seja preso e venha a fechar um acordo de delação premiada.

O jornalista destacou que essa manobra para salvar o peemedebista após o afastamento definitivo de Dilma Rousseff “reforça a tese de golpe” adotada pelos aliados da presidente eleita, que apontam que Cunha só deflagrou o impeachment em retaliação aos desdobramentos da Lava Jato.

Por Kennedy Alencar

Governo e Câmara tentam salvar Cunha

Marcar a votação da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para uma segunda-feira, dia 12 de setembro, no meio das eleições municipais, é uma clara articulação para facilitar a vida do ex-presidente da Câmara.

Será um escândalo realizar essa votação num dia de baixa presença no Congresso Nacional. Como são necessários 257 votos dos 513 deputados para que Cunha seja cassado, essa data é um presente para o peemedebista e um tapa na cara da sociedade diante da quantidade de acusações graves que pesam contra ele.

Mais: mostra que o governo e boa parcela da Câmara temem segredos que Cunha possa tornar públicos. Aprovar o impeachment de Dilma e dar a Cunha a chance de escapar confirma o uso de dois pesos e duas medidas e reforça a tese de um golpe parlamentar contra a petista.

É inusual marcar a votação para uma segunda-feira, porque cassações são geralmente votadas às quartas, dia de maior quórum no Congresso. Aliás, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está quebrando uma promessa de votar a cassação num dia de presença alta no plenário, a fim de evitar que seja responsabilizado por eventual salvação de Cunha. Maia mudou o discurso pressionado pelo governo, que não assume isso publicamente, e por líderes partidários comprometidos com os segredos que dividem com o ex-presidente da Câmara.

Marcar a votação da cassação para depois do impeachment de Dilma permitirá o discurso de que seria melhor deixá-lo responder às acusações da Lava Jato com o mandato de deputado federal a fim de não criar tumulto na economia. Deixar Cunha como um problema apenas do Supremo Tribunal Federal é uma covardia da Câmara dos Deputados.

Essa votação deveria ter sido marcada para esta semana ou para a próxima, como sugeriu Rodrigo Maia quando se elegeu presidente da Câmara. Mas ele deu sinais de que embarcou na articulação para salvar Cunha.

Fonte: Jornal GGN.

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