#Editorial O medo das maiorias e a entrega divina do patriarca

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.

A história fotografa com prístina clareza que durante as grandes pandemias, a fome, o desemprego em massa e as grandes tragédias, a humanidade tem escolhido sempre o lado mais vertical, conservador e autoritário da política para encontrar proteção. Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, são alguns monstros que a civilização de pré e pós-guerra levantou ao grau de deuses todo-poderosos, insofismáveis e imutáveis ante a dor difícil de aceitar e compreender. A igreja institucional fez o restante do serviço e o controle social, desde a perspectiva das elites, foi garantido. Os poderosos conduziram os povos a entender que as grandes desgraças são castigos de um deus.

No Brasil tumultuado pelo ufanismo do governo Dilma sobre a possibilidade de resolver a crise econômica acumulada no mundo desde 2008 e a falta de uma interpretação mais ampla das lógicas da mobilização social de 2013 impediu interpretar o movimento dos setores mais importantes das oligarquias nacionais e dos Estados Unidos. A seguir a primeira presidenta do Brasil foi derrocada por uma caricatura desprezível de parlamento nacional aderido à mídia antipopular e a um poder judiciário guardião dos interesses das elites e do setor financeiro.

Assim chegamos, após o golpe híbrido, a uma eleição fraudulenta pela sua própria origem e também pela campanha de mentiras. Mentiras que só uma sociedade já dominada pelo medo se veria em condições de acreditar. Isso tudo na esteira de uma ofensiva mundial dos setores mais reacionários, o mercado financeiro e as igrejas pentecostais. Todos decididos a consolidar um discurso de fácil inoculação em um mundo cheio de temores, greves, desemprego e todo tipo de incertezas. Violência, miséria, imigração forçada e outras mazelas sustentaram e sustentam o discurso dos salvadores da pátria como Trump, Orban, Duterte e outras figuras próprias da época.

O negacionismo proposital destes personagens e a normalização do saqueio delinquente dos direitos dos trabalhadores, a contestação das conquistas em direitos humanos e ambientais, vêm acompanhados da destruição das soberanias nacionais em um jogo de alicate: a exigência do império estadunidense e a entrega ideológica e interesseira dos governos dos países satélites ao governo norte-americano. O ponto de traição à nação chega quando o governo oferece seu território para que o império agrida outra nação. Para que seja plataforma de guerra contra um país irmão. Isso sem que haja mobilização social em contra, apenas protestos de parlamentares.

A visita invasora de Mike Pompeo, secretário de Estados Unidos, falando desde o território brasileiro no estado de Roraima é um dos piores saldos do bolsonarismo, que governa todos os dias em nome do interesse dos que ali o colocaram. O Brasil, seu território e sua população, cheia de temores e carente de explicações compreensíveis sobre tanta dor, foram entregues ao patriarca que tudo o resolve com um soco na mesa, o deus da ira, o gerenciador de uma penitência divina. E esse pecado se paga com todas as misérias e a entrega da soberania nacional.

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