Documentário sobre Síndrome de Down começa filmagens em abril

As gravações do longa "Uma em Mil" estão previstas para acontecer de 16 a 30 de abril nas cidades gaúchas de Ibarama, Guaíba e Porto Alegre.

Foto: Lucas Bertoletti

Por Isidoro B. Guggiana.

Dirigido pelos irmãos Jonatas e Tiago Puntel Rubert, o longa documental “Uma em Mil” realiza suas gravações de 16 a 30 de abril de 2023 no Rio Grande do Sul. A produção prevê filmagens nos municípios de Ibarama, Guaíba e Porto Alegre. O filme levanta o questionamento: qual a diferença entre ter e não ter Síndrome de Down? A partir dessa pergunta, Jonatas (32) e Tiago (23) vão além do diagnóstico médico que ocorre em cerca de um em cada mil nascimentos. Por coincidência, isso aconteceu duas vezes na família deles: Tiago e seu tio Cleber  têm a síndrome.

Através de conversas entre os diretores e o tio, juntamente com suas mães, o filme coloca em xeque os pressupostos da “normalidade” e observa o valor humano que as diferenças podem nos apresentar. Para Tiago, que é codiretor e um jovem com a síndrome, a única diferença são os amigos. Afinal, seus amigos têm Down, mas a maioria dos amigos de seu irmão não. Os diretores partem de suas próprias vivências na família e na sociedade, colocando em cheque as limitações do diagnóstico médico frente à diversidade da experiência humana.

“Estamos fazendo este filme para tentar entender quais são as diferenças que a deficiência intelectual faz emergir desde o ambiente familiar até o ingresso no mercado de trabalho e a busca pela autonomia”, sintetizam os irmãos realizadores. “Pensar essas diferenças talvez nos ajude a criar modelos onde a diferença não precise ser um sinônimo de desigualdade social. Percebemos que o que é ‘normal’ para um de nós, muitas vezes não é para o outro. E aí nós nos perguntamos: o que é o ‘normal’? Como – e para quem – ele foi inventado”, questionam.

Entre os personagens da produção temos Cleber e Olinda, tio e avó de Tiago e Jonatas, que moram a 246 km da Capital gaúcha, em Ibarama, município com menos de cinco mil habitantes. Também temos Giselda, mãe dos diretores, que mora em Guaíba, cidade onde os irmãos cresceram, localizada na região metropolitana de Porto Alegre. O filme vai trazer também as questões regionais como modificadoras dos processos dessas pessoas.

Em 2021, o projeto de “Uma em Mil” foi contemplado para desenvolvimento na Lei Aldir Blanc, que também deu origem ao curta “A diferença entre os mongóis e mongoloides”, documentário de animação dirigido por Jonatas e protagonizado pelo irmão Tiago. O filme recebeu os prêmios de melhor direção, roteiro e direção de arte na mostra gaúcha do 50?º Festival de Gramado. “Uma em Mil” tem produção da Faço Filmes, com coprodução da SeuFilme, e distribuição da Olhar. Natasha Ferla assina a produção.

Sobre os diretores:

Jonatas Puntel Rubert atua desde 2010 como diretor e montador. Graduado em Realização Audiovisual, é atualmente mestrando em antropologia social com pesquisa sobre arte e deficiência. Foi fundador do curso Cinema na Escola, na cidade de Guaíba (RS), e é professor nas oficinas do projeto Cidade Cinematográfica em Três Passos (RS). Como diretor, destacam-se “A Diferença entre mongóis e mongolóides”, “Desejo”, com estreia no 1º International Vampire Film Festival, e “Escape”, vencedor de dois prêmios RBS no 44?º Festival de Gramado. Montou as séries “Grandes Cenas” e “O Complexo”, e os longas “Portuñol”, melhor longa gaúcho do 48?º Festival de Gramado, e “Vai Dar Nada”, de Jorge Furtado.

Tiago Puntel Rubert é roteirista, diretor, e também personagem motriz de “Uma em Mil”. Foi o ponto de partida das motivações que levaram ao que hoje é o projeto do longa-metragem. Com o passar dos anos, enquanto a pesquisa para o filme era desenvolvida, Tiago atingiu a idade adulta e criou interesse pela área artística, mais especificamente pelo cinema, participando de diversas oficinas e cursos de música, cinema, teatro e fotografia. Embora hoje trabalhe como auxiliar em uma rede hoteleira, tem buscado meios de focar no cinema, que é sua escolha profissional. A partir de 2021 passou a colaborar criativamente nas decisões narrativas de “Uma em Mil”. E tem se dedicado ao aprofundamento da reflexão sobre as diferenças.

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