São Miguel do Oeste/SC é Fora Bolsonaro!

Organizações sociais denunciam antipolítica de governo Bolsonaro. Foto: Julia Saggioratto.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

Wesley de Sousa Padilha é um militante do coletivo da Pastoral da Juventude Rural e do Meio Popular, de São Miguel do Oeste, no Extremo-oeste catarinense, região de fronteira com o país irmão, Argentina. No último mês, ele e toda sua família, irmãos, pai e mãe, foram diagnosticados com covid-19. A mãe trabalha realizando faxinas, o pai, até então atuava como pedreiro.

Cruzes foram colocadas em denúncia ao governo genocida de Bolsonaro. Foto: Julia Saggioratto.

Wesley foi internado após os sintomas da doença se intensificarem. O pai, também precisou ser encaminhado ao hospital. Os dois precisaram de UTI. Wesley ainda está em recuperação, mas o pai, Valdir, não retornou para casa. Neste 29 de maio, dia de mobilização nacional e internacional pela causa da vida, em defesa de um auxílio emergencial mínimo para o povo brasileiro, por vacina para todas e todos, Wesley e alguns companheiros e companheiras dos movimentos e pastorais sociais, sindicatos, partidos de esquerda, aliados/as, estiveram no ato que aconteceu no trevo de São Miguel do Oeste, com poucas pessoas, para garantir o distanciamento social, além de um mínimo de segurança que se pode ter neste contexto de pandemia.

O Brasil ultrapassa as 459 mil mortes pela antipolítica na pandemia da covid-19. Em Santa Catarina, são mais de 15 mil óbitos e a cada dia, esses registros só aumentam. Em São Miguel do Oeste os registros apontam para 53 óbitos e mais de cinco mil pessoas infectadas desde o início da pandemia, um número expressivo para uma cidade interiorana e, teoricamente, com todas as condições de promover barreira sanitária e políticas públicas para evitar a contaminação, no entanto, não se tem vontade política para tanto. Acima disso, está a política de morte, que segue a linha do governo federal.

“Bolsonaro fez a opção de deixar o povo desassistido”.

As organizações reforçaram a divulgação da Plenária de Constituição da Seção Catarinense da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid19 – Vida e Justiça, que acontece na próxima quarta-feira, dia 02 de junho, 19h, via plataforma zoom. “É um prazer estar vivo e estar aqui para fazer luta. Essa associação existe para trazer luz às pessoas que estão desamparadas, desprovidas de uma política pública diante de uma doença terrível e fatal. A associação foi pensada para as vítimas, não só aquelas que precisam de auxílio psicológico, social, econômico, mas também para as famílias que perderam os seus queridos nesse cenário que poderia ter sido evitado. Bolsonaro apostou na imunidade do rebanho. Bolsonaro fez uma opção de deixar o povo desassistido”, explicou Wesley de Sousa Padilha, que integra a associação.

Assista mais sobre esse assunto:

“Comida no prato, vacina no braço e Bolsonaro no pasto”.

Joana Sebben, militante do Movimento de Mulheres Camponesas, criticou o cenário de antipolítica do governo Bolsonaro. “Estamos aqui com saudades do povo. Esse governo não fez nada de positivo, pelo contrário, cortou recursos da agricultura familiar, da saúde, educação. A violência contra mulher aumentou. Ele só vai nos meios de comunicação para debochar do povo. Então, estamos aqui gritando: Fora Bolsonaro, comida no prato e Bolsonaro no pasto”.

Violência contra as mulheres aumentou no cenário de antipolítica e da pandemia. Foto: Julia Saggioratto.

A vereadora Maria Tereza Capra (Partido dos Trabalhadores), também falou sobre a importância do ato de hoje em São Miguel do Oeste. Segundo ela, a ideia foi reunir poucas pessoas para evitar aglomerações, ao contrário do que os apoiadores de Bolsonaro costumam fazer, colocando a vida do povo em maior risco. “Considero muito importante o ato de hoje. Estamos aqui, contando com a participação da população LGBTQIA+, partidos, movimentos sociais, juventudes, sindicatos. Estou feliz pela nossa organização, pela coragem dos/as companheiros e companheiras e com o coração sangrando por todas as vidas ceifadas”.

O militante do Movimento dos Pequenos Agricultores, Tairi Felipe Zambenedetti, também reforçou a necessidade do ato. “O MPA está presente nos atos a nível nacional, reivindicando vacina para todos e auxílio emergencial. Além disso, estamos acompanhando a CPI da covid que está demonstrando o negacionismo desse governo, o qual se negou a comprar a vacina, adotou medidas sem embasamento científico. A compra de cloroquina superfaturada que está ali, sem serventia alguma, isso tudo condenou os brasileiros e brasileiras à morte”, enfatizou.

Tairi também ressaltou o comprometimento dos/as camponeses/as na produção de alimentos para garantia mínima de dignidade ao povo brasileiro. “Os estoques regulamentadores do país reduziram na perspectiva de uma política deliberada do governo Bolsonaro. Ele não faz estoques estratégicos, destruiu tudo, promoveu o enfraquecimento das políticas. Quando veio a pandemia tudo isso piorou, a economia encolheu um pouco e sem política pública, tudo fica pior. Ele manda as pessoas saírem de casa para trabalhar e isso é um absurdo. O governo quer uma economia forte com pessoas mortas. Nesse momento é a agricultura familiar e camponesa que faz a diferença. Precisamos pensar que já faz 100 anos que a humanidade não passa por uma pandemia, se não tiver auxílio a gente vai mergulhar forte no abismo. É necessário salvar primeiro as pessoas e depois os bancos”, defendeu.

O governo quer uma economia forte com pessoas mortas. Tairi Felipe – MPA.

 

Foto: Julia Saggioratto.

O professor de história e integrante do PSOL, Luiz Fernando Luz, disse ainda que o vários países do mundo estão preocupados com o cenário brasileiro. “Sentimos que nesse momento precisávamos vir para as ruas e nos manifestarmos. O país é um desastre sanitário, ecológico, econômico, social. O mundo todo vê o Brasil com preocupação”, disse.

Foto: Julia Saggioratto.

Em entrevista, Luiz falou sobre o fato dos bolsonaristas defenderem o retorno do voto impresso. “A discussão do voto impresso tumultua o processo eleitoral. O Bolsonaro comete um crime quando fala sobre isso. Ele precisa apresentar uma denúncia ao sistema que elegeu a família dele por tanto tempo. Ele não faz isso porque não tem o que provar sobre isso, apenas faz calúnias infundadas ao sistema eleitoral brasileiro”, reforçou.

O militante da Associação Afrodescendentes de São Miguel do Oeste (Afrodesmo), Lizioni Fontoura de Freitas, também conversou com a reportagem do Portal Desacato. “Estamos aqui pelos amigos que a gente perdeu, por quem estamos ainda lutando, querendo uma vida melhor. Defendemos o cuidado com as pessoas, que não sejamos usados nessas campanhas políticas e queremos ter o prazer de ser vacinados/as também”, disse ele, lembrando ainda do companheiro André Cardoso, que encontra-se internado na UTI em São Miguel do Oeste, mais uma vítima do desgoverno Bolsonaro. O pai de André, sr. Adelar, também foi diagnosticado com covid-19 e acabou falecendo.

Defesa do serviço público. Foto: Julia Saggioratto.

O ato em São Miguel do Oeste/SC teve duração de aproximadamente uma hora. Outras mobilizações devem acontecer em defesa da vida, da garantia de direitos e políticas públicas de enfrentamento a pandemia da covid-19 e do desgoverno Bolsonaro.

Foto: Claudia Weinman.
Foto: Claudia Weinman.

Confira alguns vídeos de hoje:

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Assista: JTT Oeste, toda sexta-feira, 18h30, em Desacato. info e redes.

 

 

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