Por Carmen Susana Tornquist, para Desacato.info
Prezado Carlos Damião, escrevo para prestar algumas informações acerca da menção feita em sua coluna, no dia 21 de junho passado, ao “lixão” da SC 401, a partir da carta de uma leitora de sua coluna.
No dia 15 de abril, eu estive na Ocupação Amarildo de Souza, na SC 401, juntamente com outros colegas e estudantes universitários, ajudando os moradores a desfazerem suas moradias. Combinamos de fazer um mutirão no feriado de pascoa, dali a dois dias, para realizar a limpeza completa do local, assim que todos os pertences pessoais dos ocupantes fossem retirados.
No dia 18 de abril, sexta feira, estivemos no local para iniciar o mutirão; no entanto, não pudemos entrar no terreno, pois o acesso à área havia sido impedido por uma equipe de segurança privada, contratadas pelo suposto proprietário.
Nos surpreendemos com a quantidade de materiais – estes que agora viraram lixo – que haviam ficado no local, e soubemos que as condições sob as quais a ocupação foi desfeita não permitiu que levassem, no dia da sua expulsão de Florianópolis, madeiras, lonas, telhas, tão necessários para reconstruir suas casas, longe da cidade em que viviam. Assim, ficaram ali também eletrodomésticos, móveis, pertences pessoais e animais domésticos.
Nesta mesma sexta feira santa, à beira do portão blindado pelos seguranças, encontrei outros moradores que também tentavam adentrar ao terreno para resgatar pertences, mas suas tentativas também foram vãs. Eu mesma fui mais algumas vezes ao local, tentando resgatar pelo menos os animais, mas a resposta sempre foi a mesma: “o proprietário não quer ninguém aqui ”.
Com isto se pode entender porque as casas, as coisas e – quem sabe – até os animais , tão necessários às famílias, foram se transformando neste lixão, que agora enfeia o local. E o mais estranho é que a área foi alvo de Manifestação do SPU, ainda em fevereiro deste ano, questionando seriamente o seu caráter privado.