Reis Magos. Por Roberto Liebgott.

Por Roberto Liebgott.

Um mago, no senso comum, é o mesmo que bruxo ou feiticeiro.

Imaginemos uma família, onde nasceu o menino – filho de Deus Pai – sendo visitada, antes de qualquer outra pessoa, por três bruxos?

Nos escritos bíblicos se buscou esclarecer, designando-os como Reis.

No entanto, os Reis, de modo geral, eram muito conhecidos, mas nesse caso – pelo que se lê – deles nada se sabia.

Os evangelistas disseram que se tratava de três sábios do Oriente – Baltasar, Gaspar e Melchior.

Há de se reconhecer que Magos, Bruxos, Reis e Sábios são conceitos absolutamente distintos e controversos ao modo cristão de pensar.

E quais presentes esses Bruxos, ou Reis-Sábios, levaram ao menino Jesus?

Ouro, incenso e mirra. Os três elementos eram, naquele tempo, ofertados aos deuses, às divindades e à humanidade.

Os presentes entregues eram incomuns para um recém-nascido. E o que dizer, transportado para os dias de hoje aquele cenário, onde havia um estábulo, bichos, um recém-nascido, mãe, pai e três bruxos com ouro, incenso e mirra?

Ouro pressupõe riquezas, poder, cobiça, violência e guerras.

Incenso é substância que, quando queimada, tem cheiro aromático, usado em rituais e sacrifícios.

Mirra é uma planta medicinal anti-inflamatória, da qual se pode extrair óleo para unção.

Ou seja, os símbolos expressos naquele encontro – entre a Sagrada Família e os Magos – não se vinculam às religiões cristãs de hoje.

O ouro, dentre todos, é cobiçado pelas Igrejas porque reflete ganância, desejo de poder, privilégios e vaidades.

Já os Magos, seriam submetidos, provavelmente, ao escárnio, preconceito e exorcismo.

O incenso e a mirra, de nada valeriam, ao contrário, se vinculariam hoje à rituais tratados como demoníacos.

E a Sagrada Família, provavelmente seria tratada – especialmente pelas pessoas que estão nas hierarquias das Igrejas e rezando nos templos – como insignificantes.

Na data ilustrativa de 06 de janeiro, dia dos Reis Magos, podemos lembrar do Padre Júlio Lancellotti, vítima de perseguição e ódio em decorrência de sua luta pela defesa dos e das moradores e moradoras de rua.

Salve, salve, salve os Magos e as oferendas. Salve todas as pessoas – mulheres, homens e crianças – pobres de rua, dos campos, das matas, das aldeias, quilombos e das cidades, pois são, efetivamente, aqueles e aquelas que representam os personagens da manjedoura.

Porto Alegre, RS, 06 de janeiro de 2024 – Dia de Reis

O marco temporal não saiu de pauta. Por Roberto Liebgott.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.