Quando Lima chorou, por Juliano Thomaz

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Por Juliano Thomaz/Pedra no Sapato

Pensando em escrever um romance… O retrato de um país muito bem domesticado pelas redes de televisão, e mais recentemente pelas mídias sociais. Fanático por famosos, por vida de ricos que não são, por memes (quase de vez em sempre sobre minorias) e por lacrações públicas.

“É sobre isso!”… e tá tudo uma #¿$?%!¡!

Mais de 300 mil pessoas pararam para assistir o choro de um sertanejo milionário admirador da arquitetura “Greco-Goiana” (Helder Maldonado dos “Galãs Feios”), cujo brilhantismo artístico é tão magnânimo que pessoalmente não consigo alcançar.

Estou aquém dessa compreensão… felizmente.

Mas é!

Pararam seu dia e sua vida para ouvir as mazelas e sofrimentos de um cantor medíocre (porém milionário), além de se mostrar mais um ”escroto e burro” (como diria Carosella) que faz discurso de “Deus, Pátria e Família!” (lema integralista e inspirado no fascismo italiano de Mussolini) e “anti-comunista” que, muito provavelmente, ele nem sabe o que é.

Afinal de contas, o “belo” de sua arte e sua filosofia trata de assuntos muito mais relevantes que ciências sociais: “Gata, me liga, mais tarde tem balada. Quero curtir com você na madrugada. Dançar, pular… que hoje vai rolar. Tche tcherere tche tche. Tcherere tche tche. Tcherere tche tche. Tchereretche. Tche. Tche. Tche.”.

Pois, é! Para isso paga-se milhões, e com o seu dinheiro!

Mas não me entristece o choro de um rico!

Seu dilema emocional de possivelmente “largar a toalha”, e viver passeando de jatinho ou de iate, talvez viajar com um amigo próximo para assistir o Grande Prêmio de Mônaco juntinhos, não me comoveram.

Minha atenção focou no outro lado.

Mas antes um crédito merecido ao jornalista Demétrio Vecchioli que foi quem trouxe a tona toda essa questão das contratações de sertanejos por preços astronômicos, após a fatídica fala de Zé Neto (outro fiscal de #¿$?%!¡ alheio) no show de 400 mil em Sorriso-MS.

Continuando, me ative aos dados e características das cidades contratantes.

Em Magé-RJ foi amplamente divulgado que o valor era de 1 milhão e 4 mil reais, enquanto que toda a verba anual de Alimentação Escolar é um pouco mais de 1 milhão e 300 mil reais. Já em São Luiz-RO, que é a 2º mais pobre do estado de Roraima, custou 800 mil reais, numa cidade de apenas 8 mil dos quais 32% (ou 2540 pessoas) vivendo em situação de pobreza ou extrema pobreza. Mas, foi em Conceição do Mato Dentro-MG que chegamos ao topo do absurdo da imoralidade, 1 milhão e 200 mil reais pelo show (mais de 400 vezes o teto permitido na Lei Rouanet), para uma cidade de um pouco mais de 17 mil habitantes em que 6 mil ou 38% vivem em situação de extrema pobreza, alguns com renda básica de 100 reais/mês.

Porém, da Lei Rouanet eles não gostam. Tem que apresentar projeto, precisa prestar contas, ser honesto. Aí já não dá pra receber milhões! Mesmo que a Lei também não seja lá essas coisas. Vale dizer que nela precisa pedir benção de empresas para ser financiado, o que a torna bem capitalista também. Ao menos é mais transparente e parece mais justa, mais moral!

Para assistir à coluna completa acesse abaixo: 

Situação de moradia no estado e despejo zero: “Estamos falando de humanidade”, destaca deputado Fabiano da Luz

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