De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), entre os dias 19 de fevereiro e 3 de março deste ano, a violência e o assédio são as principais causas de preocupação entre mulheres no Brasil
Ao todo, foram ouvidas 3.000 mulheres das cinco regiões do país no levantamento encomendado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o Observatório Febraban Mulheres, Preconceito e Violência. Na pesquisa, que trata da situação da mulher em relação à violência, 8 em cada 10 ainda se dizem insatisfeitas ou muito insatisfeitas com a forma como as mulheres são tratadas na sociedade brasileira.
A violência e o assédio (40%), seguidos do feminicídio (26%) e da desigualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, são os principais pontos negativos. “Indo direto ao ponto, a pesquisa nos faz um sério alerta de que, mesmo com os avanços dos últimos anos, as mulheres no Brasil ainda são, com frequência, vítimas de violência, assédio, preconceito e discriminação e de que precisamos de políticas e ações afirmativas que enfrentem esse grave problema social”, declarou Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Os números que preocupam as mulheres brasileiras
Um dos principais pontos levantados é que 83% das respondentes acreditam que os casos de violência contra a mulher aumentaram durante a pandemia da Covid-19. Essa opinião é maior entre mulheres pretas (87%) do que entre brancas (81%) e pardas (83%).
Mais da metade (55%) das brasileiras viram ou tomaram conhecimento sobre mulheres próximas que foram vítimas de situações de violência verbal, física ou sexual. O número chega a 63% na faixa etária de 18 a 24 anos. Passam da metade as que já foram vítimas ou já presenciaram alguma situação de preconceito ou discriminação contra mulheres: na rua (67%), no transporte público (56%), em festas ou em locais de entretenimento (54%).
Quase 8 em cada 10 (77%) entrevistadas indicam a casa como o lugar onde as situações de violência, ameaça e assédio ocorrem com mais frequência, e 7 em cada 10 (69%) citam pessoas próximas ou conhecidas —atuais ou antigos cônjuges, companheiros e namorados— como principais agressores. No ambiente profissional, 40% das entrevistadas dizem já ter sofrido ou conhecem alguém que sofreu assédio moral por ser mulher.
A pesquisa também mostrou que apenas 30% das vítimas denunciam o agressor aos órgãos oficiais ou policiais. Além desses, 14% buscam apoio informal de amigos, familiares ou conhecidos; e apenas 1% procura os diretores/gestores das empresas ou instituições onde ocorreu o fato.
Para 59% a denúncia não acontece por medo de represália e de perseguição. Vergonha, medo de que não acreditem no fato e a falta de confiança na Justiça são mapeados como as principais causas.
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