Por Ariane do Carmo.
Esses dias fui conversar com um cara ele veio me dizer que ia mudar não sei o que “vou pra uma housing, conhece o conceito?”
Só aí eu já tremi, conheço bem o tipo de gente que fala ~~O CONCEITO~~ é essa galera que tem deadline no job, a galera inovadora da startup de coisas óbvias, mas pensei “vamo dar uma chance VAI QUE NÉ”, fui no google olhar.
– Cara, isso é uma pensão.
– Não é uma pensão. É um conceito muito inovador que chegou agora.
– hm…
– Porque cada pessoa tem o seu quarto…
– Isso, como numa pensão.
– … mas também existem áreas coletivas…
– pensão…
– E a lavanderia é compartilhada.
– Isso cara! Pensão que chama!
– hm…
Muito inovador o conceito de “housing” só tem uma coisa: não inova coisa nenhuma. Eu morei numa “housing” quando saí de casa pela primeira vez, aos 18: vários quartos igual numa pousada e no fim todo mundo usava o mesmo tanque pra lavar. Eu aluguei um QUARTO. Você também pode: alugar uma kitnet, dividir um apartamento ou até mesmo morar numa pensão. Tudo isso já existe.
Pensei mas não falei, enquanto ele bugava. Pausa. Foi olhar no google, viu que não tinha muito o que argumentar, largou:
– Ah, é que esse termo, “pensão”, eu não conhecia.
Aí eu larguei de mão, porque gourmetizador eu só respeito quando bate na barba hipster e diz que faz mesmo, que chama carrocinha de cachorro quente de foodtruck e torcia o nariz pras revistinha de Faça Você Mesmo das tia pra agora procurar tutorial de DO IT YOURSELF no youtube e é isso aí.
Se for gourmetizador frouxo que inventa uma desculpa furada do tipo NÃO SABIA QUE EXISTIA PENSÃO pra não encarar o que tá fazendo, aí nem pra respeitar não dá.
Larguei de mão.
Aliás, essa mesma galera da “housing” é a que também achou por bem chamar a velha, famosa, tradicional e batida REPÚBLICA de “CO-LIVING”.
Housing e co-living: não ter dinheiro pra pagar o próprio aluguel nunca foi tão glamouroso.