O vídeo que estamos disponibilizando neste enlace (https://youtu.be/KTsDJ17uR9M) nos revela que a sociedade israelense está acometida de um sério problema, algo que se mostra ainda mais grave pelo fato de que a maioria dos cidadãos de Israel é composta por descendentes de pessoas que foram vítimas de um processo de morticínio similar ao que agora está sendo infligido a outro povo.
Nos pouco mais de dez minutos deste material, podemos constatar que boa parte dos cidadãos de Israel parece ter perdido toda e qualquer sensibilidade em relação com a dor e os sentimentos do povo palestino. Só o intenso processo de desumanização ao qual vem sendo submetido pode explicar porque, num momento em que sua própria existência se vê ameaçada e apesar de estarem sendo alvos das mais aberrantes atrocidades imagináveis, os palestinos vêm sendo objetos de constante escárnio e chacotas.
O que poderia justificar tanta discriminação e perseguição a outro povo em uma sociedade na qual os judeus constituem a maioria e detêm o poder absoluto?
Eu me atreveria a responder a indagação recém formulada de maneira simples e curta: o sionismo.
Até por volta de meados do século anterior, os judeus se caracterizavam por estar na linha de frente das grandes lutas pelas causas humanitárias e de justiça que se travavam pelo mundo afora. Basta revisar brevemente lances importantes da história para ali detectarmos a presença marcante de vários judeus humanistas em papel relevante.
Como não recordar o nome de Rosa Luxemburgo ao abordar as lutas dos trabalhadores alemães? Quem poderia se esquecer da figura de Joe Slovo no comando da resistência do povo sul-africano contra o apartheid? Como não mencionar Gus Hall que, mesmo no imensamente hostil ambiente imperante nos Estados Unidos, dispôs-se a encabeçar as mais decididas lutas visando pôr fim a deplorável segregação racial sobre a população negra estadunidense? E, para nós brasileiros, como ignorar a grandiosidade de uma Olga Benário, que imolou sua vida em nome da humanidade?
Por isso, é com muita tristeza que hoje vemos as autoridades israelenses e os propagandistas do sionismo em outros lugares tentando forçar uma identificação entre ser judeu e ser sionista. Chega a ser asquerosa a ideia de que tenhamos que considerar como parte do mesmo perfil a seres que entregaram sua vida em prol das causas mais sentidas da humanidade e aqueles que cultuam o colonialismo, o supremacismo e o racismo, aqueles que não se perturbam ao assassinar quase 20.000 palestinos indefesos, sem se importar com que a maioria dos mortos sejam crianças e mulheres.
Ao apregoar massivamente a mensagem de que sionismo é igual a judaísmo, o que os sionistas desejam é encontrar amparo para seus monstruosos crimes de genocídio. Com seu comportamento, os sionistas esperam que a justa indignação que o mundo inteiro vem externando pela covarde carnificina que está em curso em Gaza neste exato instante seja considerada como uma demonstração de antissemitismo.
É evidente que com sua insistência de usar todos os seus meios de comunicação para transmitir sua mensagem, muita gente pouco informada a respeito do sionismo pode mesmo enveredar por uma forte antipatia aos judeus como um todo. Num raciocínio simples, a coisa funcionaria assim: Se Israel comete atrocidades horripilantes, elimina cruelmente a milhares de seres indefesos, destrói suas casas, seus hospitais, suas escolas, etc., e se Israel faz tudo isso em nome do povo judeu, então, não seria tão difícil induzi-los a considerar aos judeus como responsáveis por toda essa prática maldita.
Portanto, para impedir que uma aversão insensata contra as comunidades judaicas volte a se manifestar, é dever de todos os humanistas dedicar seus esforços para derrotar a fonte que gera as condições para um rebrote do antissemitismo. E a fonte não é outra coisa que a ideologia colonialista, supremacista e racista constituída pelo sionismo.
Em defesa dos judeus e da humanidade, precisamos derrotar o SIONISMO.
Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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