Os presos políticos bascos

Por Tali Feld Gleiser.

Na democrática Europa há um país que poderia ter pertencido à Operação Condor na América Latina. Esse país está constituído por Comunidades Autônomas desde a Constituição de 1978, promulgada após os 35 anos da férrea e retrógrada ditadura de Francisco Franco. Entre as  “Comunidades” que se destacam por sua rejeição a fazer parte de um Estado com o qual não se identificam, está o País Basco.

Esse Estado, obviamente, é a Espanha. Aqui tem presos políticos aos que não se respeitam seus direitos, como por exemplo, que cumpram as suas condenas na prisão mais próxima à suas cidades de origem. Supõe-se que a cadeia deve ser um lugar de reabilitação dos presos e isso inclui que a família e amigos possam visitá-los, entre outras coisas. Faz tempo que o Estado espanhol aplica a dispersão:  os presos cumprem as suas condenas longe de casa e até em outros países. Isso implica no seu isolamento, já que fica mais difícil receber visitas por causa das distâncias e o dinheiro que se precisa para se deslocar.

Cada vez mais bascos querem a sua indepêndencia. Passos muito importantes têm sido dados para a paz, mas o governo espanhol, agora em mãos do PP, não tem demonstrado nenhum interesse em resolver o conflito.

Concentrações na última sexta-feira de cada mês

Ontem Desacato participou por segundo ano consecutivo no ato que se realizou na cidade de Azkoitia. Em todas as cidades do País Basco acontecem idénticas concentrações.

Por volta das 7:30 da noite (o dia ainda estava claro porque é verão no hemisfério norte), um carro de som com música chamava à concentração na praça principal. As pessoas começaram a chegar, pegaram uma bandeira e se colocaram em círculo.

Pouco depois o ato começou com a leitura em euskera (basco) dos informes sobre os presos políticos.

Também foi lida a sentença por unanimidade do tribunal de Estrasburgo (reconhecido por todos os países membro da União Europeia) em relação a uma presa basca em que se insta ao Estado espanhol a deixá-la em liberdade e idenizá-la, que a Espanha até agora não cumpriu.

Para terminar se falou sobre a situação dos presos políticos da cidade e a realização de dois atos no mês de agosto para exigir que sejam trazidos para uma prisão perto de casa, como manda a lei.

Fotos: Tali Feld Gleiser.

 

 

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