Por Marcelo Hailer
A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES) revelou neste sábado (5) o primeiro caso da subvariante da ômicron, a BA.2, no estado. Com o isso, o Brasil já tem confirmado cinco casos da subvariante: dois em São Paulo e dois no Rio de Janeiro.
Em Santa Catarina, a subvariante foi identificada em um homem de 42 anos, morador de Florianópolis. O paciente apresentou sintomas de síndrome gripal, mas não chegou a ser internado.
“O município de Florianópolis foi imediatamente comunicado, e informou que vem monitorando o caso, que cumpriu o período de isolamento preconizado, bem como está realizando monitoramento de contatos próximos”, declarou em nota a Secretaria de Saúde de Santa Catarina.
Quando a ômicron surgiu feito um tsunami na África do Sul os médicos sabiam que estavam diante de uma nova cepa que iria se espalhar de maneira rápida e global.
Entre novembro e dezembro a variante infectou milhares de pessoas na África do Sul, mas, um fato chamou a atenção dos infectologistas: o tempo curto entre o surgimento (novembro) e a perda de força (dezembro) e declínio no número de infectados no país.
Mas, entre o surgimento na África do Sul e o tempo presente, a ômicron teve tempo de criar uma subvariante, que está sendo chamada de BA.2 ômicron e, de acordo com estudo realizado na Dinamarca, com maior potencial de transmissão do que a BA.1 (versão 1 da ômicron).
Além disso, a BA.2 tem maior capacidade, segundo o estudo dinamarquês, de infectar pessoas vacinadas e isso pode fazer com que o pico da ômicron seja mais prolongado do que se previa.
“A BA.2 se mostra ainda mais infectante e escapa das vacinas mais do que a ômicron original. Seu avanço deve arrastar um pouco a onda que achávamos que iria cair tão rapidamente quanto subiu. Mas não vai haver um novo pico”, diz o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do Labortório Genetika de Curitiba, ao O Globo.
Espalhamento global
Além de prolongar a nova onda de contágios, a subvariante da ômicron tem potencial para substituir a versão 1 da cepa em nível global.
Boris Pavlin, da Equipe de Resposta à Covid-19 da Organização Mundial da Saúde, declarou nesta terça-feira (01) que a BA.2 está rapidamente substituindo a BA.1 e que deve se tornar a cepa dominante. Todavia, Pavlin afirma que dificilmente ela cause um “impacto substancial”.
“Olhando para outros países onde a BA.2 está ultrapassando a BA.1, não estamos vendo nenhum aumento significativo nas hospitalizações do que o esperado”, disse Boris Pavlin, da OMS.
Os dados mais recentes mostram que, até o dia 30 de janeiro a BA.2 representava menos de 4% de todas as sequências de ômicron disponíveis no principal banco de dados global de vírus (GISAID/OMS). Porém, ela foi identificada em 57 países e em alguns deles, como a Dinamarca, já é dominante.
Além disso, a BA.2 tem 32 das mesmas mutações da BA.1, mas também possui 28 que são diferentes. Por conta dessa diferença, alguns pesquisadores acreditam que a BA.2 deveria ser considerada uma nova variante. Até este momento a OMS não dei sinais de que vá tratar a subvariante da ômicron como uma nova variante.
BA.2 ômicron: o que se sabe até agora
Dois estudos indicam que a BA.2 é mais transmissível. Pesquisa feita pelo Instituto Estatal Serum da Dinamarca, com 8,5 mil famílias e 18 mil indivíduos, mostrou que a BA.2 é “significativamente mais transmissível que a BA.1”.
Além disso, o estudo dinamarquês também revelou que a BA.2 infectou como mais facilidade os indivíduos vacinados
Outro estudo, esse realizado no Reino Unido, também encontrou maios transmissibilidade para a BA.2.
Todavia, ambas as pesquisas, em uma avaliação preliminar, não encontraram evidências de que as vacinas sejam menos eficazes contra as doenças sintomáticas para qualquer uma das subvariantes.
Mais perigosa? Até este momento não há dados que indiquem que a BA.2 produza uma doença mais grave do que as subvariantes anteriores da ômicron.
Ainda não se sabe onde ela se originou, mas a BA.2 foi detectada pela primeira vez na Filipinas.
Segundo a OMS, a subvariante já está se tornando dominante nas Filipinas, Nepal, Catar, Índia e Dinamarca
Na Índia a BA.2 está substituindo rapidamente as variantes delta e ômicron BA.1.
Na Inglaterra já foram identificados mais de mil casos da BA.2.
A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido designou a BA.2 como “variante sob investigação”, ou seja, os médicos estão acompanhando, mas ainda sem o alerta de preocupação.
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