Nota das lideranças indígenas do Oeste de Santa Catarina sobre manifestação do presidente do Conselho de Caciques

Documento é assinado por diversas lideranças indígenas do Oeste Catarinense, em apoio ao movimento “Levante Pela Terra”, que está acontecendo em Brasília.

 

Nota das lideranças indígenas do Oeste de Santa Catarina, Brasília, 18 de junho de 2021.

As lideranças indígenas do Oeste de Santa Catarina, repudiam a manifestação do presidente do conselho de caciques do Oeste de Santa Catarina, em nota assinada por ele representando o Conselho de Caciques.

Existe sim um conselho de lideranças no Oeste de Santa Catarina e não do Estado de Santa Catarina, como está na nota enviada pelo Gentil Belino. Esse conselho serve para lutar pelos nossos direitos, do povo originário da região Oeste, e não para contribuir com os latifundiários e com o agronegócio e esse governo genocida que só quer o nosso extermínio. Somos os verdadeiros guerreiros kaingang que estamos aqui lutando bravamente, juntamente aos demais povos originários do “LEVANTE PELA TERRA”. Guerreiro que é kaingang não fica compactuando com políticos bolsonaristas e nem apoiando esse Presidente da FUNAI, que recebe os povos originários com a polícia. Nós, lideranças, estamos aqui em Brasília faz mais de uma semana, lutando e defendendo nosso território, numa manifestação pacífica, no acampamento denominado “Levante pela Terra”. Nestes dias, estamos lutando contra vários decretos Legislativos que ameaçam nossos direitos. Na nota, ficou claro que não representamos o povo kaingang de Santa Catarina e sim “representamos os verdadeiros guerreiros originários que lutam por seus territórios”, não fazemos e não compactuamos com liderança corrupta Bolsonarista, apoiada pelo agronegócio.

A terra indígena Toldo Chimbangue foi a primeira terra indígena Kaingang no Brasil conquistada com a luta do movimento, onde se iniciou em 1985 a luta pela terra, a qual inspirou e serviu como modelo para as demais conquistas de territórios de outros povos originários, por isso estamos aqui lutando bravamente, juntamente com os parentes de várias povos originários do Brasil. Na tarde de quarta-feira (16), fomos até a FUNAI aqui em Brasília, onde fomos atacados com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, na entrada do prédio. Fomos até a FUNAI, órgão de cunho Federal, que se diz representativo e de proteção aos povos indígenas, inclusive pelo o nosso território, neste ato, solicitando a saída do presidente, Marcelo Xavier. Um espaço de defesa de nossos direitos, com desvio de conduta, conforme pasta que representa, não deveria agir com entreguismo de nossos territórios aos latifundiários, mineradoras, etc.

A Funai tem agido com parcialidade política e não de defensora de nossos direitos,  causando revolta em nosso povo. Por décadas sofremos com a política do SPI, mas nada comparado a atuação da Funai nesse governo. Diante disso, reafirmamos nosso repúdio a nota do Conselho de caciques assinado por Gentil Belino, no qual nos chama de não índio kanhgág, somos guerreiros originários, não somos manipulados pelos latifundiários e esse governo Bolsonarista, preservamos pela vida, não negociamos a nossa mãe e menos ainda, poluindo com agrotóxico, que a nossa terra. As grandes terras indígenas do Sul do Brasil atualmente, estão sendo utilizadas para as produções agrícolas de soja e milho, sendo esses produtos transgênicos, e estas produções agrícolas são produzidas pelos caciques e a população se encontra em extrema pobreza. Nessa pandemia, muitos passaram por necessidade alimentar, solicitando aos órgãos governamentais cestas básicas para supri-las.

Sabendo-se que a terra indígena é forte na produção de grãos, criando até cooperativas agrícolas de fachada para demonstrar a sociedade envolvente, e a esse governo genocida que os indígenas devem ser considerados “cidadãos brasileiros”. Somos povos originários que lutamos pela coletividade e não pelo individualismo, como esses caciques que pensam só no valor econômico, e acabam destruindo a mãe terra e aos demais que dela retiram seus sustentos. Conclamamos aos povos originários que aqui estão se fazendo presentes, no LEVANTE PELA TERRA, para que nos apoie na luta contra esses caciques corruptos que estão provocando o extermínio da nossa cultura indígena, precisamos preservar os nossos territórios para que não contamine os nossos rios, destrua nossas matas e principalmente, a nossa vida. Nós aqui estamos sim, representando nosso povo originário que sofre e que luta por anos pelo reconhecimento de nossos territórios e a garantia de nossos direitos.

Atenciosamente: lideranças indígenas kaingang: Antônio Antunes de Lima Terra Indígena Toldo Chimbangue – Chapecó SC. Valdir Sales – Aldeia Kondá- Chapecó SC. Joanilson Mendes Terra Indigena Palma/aldeia Vila Nova. Valdecir dos Santos – Terra Indígena Toldo Imbu – Abelardo Luz -SC. Sadraque Garcia – Acampamento V?n kanér – Mafra – SC.

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Assista: JTT Indigenista, toda quinta-feira, 18h, em Desacato. info e redes.

 

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