“Nós mulheres negras estamos construindo novas formas de amar o mundo” diz socióloga Delza da Hora

Redação 

Na coluna Papo de Quebrada, no JTT – A Manhã Com Dignidade deste 8 de Março, Luis BL abriu o espaço para Delza da Hora, mulher negra de 26 anos, educadora, socióloga e historiadora, mestranda em Sociologia Política, pesquisando sobre a saúde mental das mulheres negras encarceradas em Santa Catarina.

Delza faz a reflexão de que o atual sistema que vivemos se utiliza de diversas ferramentas para inviabilizar diversas histórias, povos e corpos e apresenta a compreensão de que homens e mulheres negras caminham juntos na superação do racismo.

“Muito se tem, dentro de uma ideia geral do feminismo, que mulheres negras e homens negros caminham separados. Até mesmo dentro do feminismo se discute a intersecção […] e para nós, interseccionalidade é entender que a ancestralidade para pessoas negras parte de uma continuidade que não existe sem antes entender como essas pessoas existiram ao longo dos séculos”.

Assim, Delza da Hora reafirma a necessidade de compreender de que homens e mulheres devam caminhar juntos dentro de uma perspectiva de construção de uma sociedade que supera o racismo.

Outro aspecto importante que a socióloga Delza da Hora apresenta em sua fala é o reconhecimento do 8 de Março como um dia de resistência, dia de luta mas, que antes de tudo é necessário olhar para as diversas trajetórias e compreender que não são universais. Delza da Hora então provoca “O que então nos une?” e então revela um ponto comum:  o patriarcado ainda estrutura muito das opressões que vivenciamos hoje. Afinal, as mulheres negras foram e continuam sendo hiperssexualizadas. Delza retoma Angela Davis em “Mulher, raça e classe” que, ao discutir a escravidão e seu legado, no contexto dos EUA, revela que mulheres negras e homens negros desenvolviam tarefas muito parecidas. Entretanto as mulheres sofriam condições muito mais precárias em relação ao seu corpo. Isso porque elas eram tidas, ou melhor, o seu corpo, como propriedade do homem branco. “Foram privadas do afeto e de constituir sua família negra”.

Retomando outra grande escritora e pensadora negra, bell hooks, Delza afirma “Nosso lugar não é só de dor, de solidão. Nós mulheres negras estamos construindo novas formas de amar, amar não só o indivíduo, mas o mundo”.

Assista a coluna Papo de Quebrada completa no vídeo abaixo:

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