MP da Bolívia pede prisão de Jeanine Áñez por envolvimento no golpe de 2019

Além da ex-presidente autoproclamada, antigos membros de seu governo foram alvos de pedidos de prisão/Fotos Públicas

O Ministério Público da Bolívia pediu nesta sexta-feira (12/03) a prisão de Jeanine Añez, ex-senadora de direita que se autoproclamou presidente do país, e de antigos membros de seu governo pela participação nos atos que levaram à derrubada do governo de Evo Morales em novembro de 2019.

Além de Áñez, os ex-ministros de seu governo Yerko Núñez, Arturo Murillo, Álvaro Coímbra, Luis Fernando López e Rodrigo Guzmán também foram alvos de pedidos de prisão.

Segundo documento do MP, divulgado pela emissora estatal boliviana Bolivia TV, Áñez e seus ex-ministros são acusados pelos crimes de terrorismo, sedição e conspiração pela participação nos movimentos golpistas que levaram à queda do governo de Evo. Ainda de acordo com o Ministério Público, o pedido de prisão se justifica por haver risco de “fuga ou obstrução”.

Coímbra, ex-ministro da Justiça, e Guzmán, ex-ministro de Energia, já foram detidos nesta sexta-feira.

Na quinta-feira (11/03), um mandado de prisão também foi emitido contra o ex-chefe das Forças Armadas Williams Kaliman. A decisão vem um dia após o pedido de prisão de Yuri Calderón, antigo comandante da polícia durante protestos de direita que culminaram na renúncia de Evo Morales.

O processo foi aberto em novembro de 2020 pela ex-deputada Lídia Patty, do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales e do atual presidente boliviano, Luis Arce, e tem como principais réus o político de extrema direita Luís Fernando Camacho e seu pai, José Luís Camacho, pelo envolvimento de ambos no golpe de 2019.

Até o momento, já existem quatro ex-chefes de polícia e militares com mandados de prisão por envolvimento com o golpe. O ex-comandante das Forças Armadas Sergio Orellana também foi alvo de um mandado de prisão. Ele não compareceu a uma audiência do MP para depor no dia 24 de fevereiro.

“Nós emitimos uma intimação para o ex-general (Sergio) Orellana. Ele não esteve presente, então emitimos o mandado de prisão contra ele”, disse o promotor departamental de La Paz, Marco Antonio Cossio, no começo do mês.

Orellana deixou o país no final de 2020 com destino à Colômbia, segundo jornal boliviano La Razón.

Ainda na quinta-feira, outro militar, o almirante da marinha Flavio Arce San Martín, foi acusado formalmente pelos crimes de terrorismo e sedição por seu envolvimento no golpe que derrubou Evo. San Martín foi detido após se manifestar perante o Ministério Público na quarta-feira (10/03).

Já Luis Fernando Camacho, que liderou o Comitê Cívico Pró Santa Cruz nas revoltas golpistas contra o resultado das eleições de 2019, das quais Morales havia saído vencedor, é principal réu no caso. O político de extrema direita chegou a admitir um acordo entre seu pai, a polícia e militares que estiveram à frente do golpe na Bolívia. Ainda não há ordem de prisão contra ele.

Golpe de estado 

Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.

Durante o governo de Jeanine Áñez, senadora de direita que se autoproclamou presidente do país após o golpe, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas e movimentos contra o governo golpista foram alvo de massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba.

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