“Meu sim”: a defesa da autonomia e da democracia na UFSC do ex-reitor Lúcio Botelho

Ex-reitor da UFSC, prof. Lúcio Botelho – Foto: Youtube

Por Lúcio José Botelho, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina.

Nesse ano de 2022 ao completarmos 50 anos de Universidade Federal de Santa Catarina, 6 como estudante e 44 como docente, período em que, com muita honra e orgulho participamos da administração universitária em vários níveis, sendo que de 2004 a 2008 na condição de Reitor.

Ainda continuamos em atividade de sala de aula, pesquisa e extensão, e com certeza vivenciamos ao longo dessa trajetória as sobejamente conhecidas ações dessa instituição que está muito acima dos ataques que sofre, de uma parcela da sociedade que pouco a conhece ou nega conhecer.

Ataques de quem entende universidade de forma minúscula, como se fosse somente uma escola de terceiro grau, formadora acrítica e pouco qualificada de profissionais. Uma verdadeira Universidade, como a UFSC sempre estará na vanguarda em todas as áreas do conhecimento, seja garantindo o patrimônio cultural das fortalezas da ilha, a preservação do aquífero Guarani ou a produção de moluscos e camarões, geradora de renda e de milhares de empregos.

É essa Universidade plural que educa para a liberdade, que cria modelos pioneiros para a educação inclusiva nos campos ou para a educação a distância, que qualificou milhares de professores para as redes pública e privada do Brasil, sempre visando a elevação do nível educacional e a ascensão social de uma enorme parcela da sociedade.

É essa Universidade que rompe os limites da ciência e gera produtos que contribuem com o planeta, como a compressão de refrigeração por gases inertes à camada de ozônio ou novos produtos químicos, que contribui com a saúde através de suas clínicas e que demonstrou toda a sua capacidade na atual pandemia.

Porém nesse momento de ataques dirigidos não gratuitamente, como ex-reitor não podemos calar diante do aviltamento acerca dos processos internos de escolha dos nossos dirigentes.

Historicamente cabe destacar que fomos a primeira universidade brasileira a consultar a comunidade para escolhermos reitor. Em plena ditadura, no ano de 1983, escolhemos em duas listas sêxtuplas reitor e vice-reitor em listas independentes e separadas que tiveram como consequência a escolha do primeiro nome da lista para reitor e não com o vice-reitor, por intervenção política.

A partir do pleito seguinte, todos os reitores da UFSC foram escolhidos exatamente como no pleito atual. Mesmo após a sua regulamentação em 1995 através da lei nº 9.192, de forma autônoma e soberana a UFSC sempre usou essa forma de escolha de consulta, depois referendada por um colegiado cujas proporções segue a referida lei.

Por isso, nos sentimos com a obrigação de defender a escolha da chapa vencedora, composta pelo Professor Irineu Manoel de Souza e pela Professora Joana Célia dos Passos, com a isenção de quem não a apoiou, mas com a convicção democrática de que o respeito as urnas dessa eleição é o respeito a trajetória histórica e vitoriosa dessa que é uma das maiores instituições federais de ensino do Brasil.

Em nome da coerência e do respeito a Instituição e acima de tudo a todos nós que nos elegemos da mesma forma, exorto a defesa de todos os valores que essa defesa representa.

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