Luciano Candemil reforça protagonismo da percussão no EP Dois de Fevereiro

Novo trabalho autoral do artista é baseado em sua trajetória acadêmica focada nos ritmos afro-brasileiros e em diversos intercâmbios realizados por ele na Bahia

Os ritmos afrobrasileiros são diversos, potentes e carregam consigo parte indiscutivelmente importante da história e da formação da identidade brasileira. Presentes nas células rítmicas que regem a percussão, eles guiam todo o processo de concepção, criação e produção do EP Dois de Fevereiro, do músico e produtor cultural Luciano Candemil, já disponível em todas as plataformas digitais.

Este é o segundo EP da carreira do artista, que também já lançou um disco e alguns singles. O trabalho é composto por quatro músicas de Candemil, que além de percussionista de origem e pesquisador, também é compositor. Através das canções, ele desempenha o papel de cronista da realidade em que está imerso, estabelecendo uma narrativa perpassada pela ancestralidade presente nos ritmos que estuda em constante diálogo com suas experiências cotidianas enquanto músico, cidadão, pesquisador e educador.

Foto: Maria Fernanda d’Ávila

A singularidade deste trabalho é o caminho alternativo seguido por Luciano Candemil para a construção dos arranjos das músicas e também em seu processo de gravação. A formatação das canções se apoia na estrutura rítmica e os instrumentos de percussão foram gravados antes de todos os demais, percorrendo uma espécie de caminho inverso do comumente utilizado. Assim, os ritmos afro-brasileiros e os elementos percussivos assumem papel de protagonismo e atuam como elementos estruturantes na criação. A isto, soma-se a utilização de guitarras que se aproximam mais da linguagem do rock e baterias com bastante balanço, que funcionam como elementos de colagem para chegar a uma sonoridade que tenha a liberdade de se aproximar do pop.

Luciano Candemil destaca a importância desta abordagem para todo o processo criativo que envolveu a produção de Dois de Fevereiro. “As músicas escolhidas para compor o EP foram selecionadas por terem uma identidade própria e o conjunto delas conta uma história, com o papel da percussão sendo fundamental nessa escolha. Na construção do trabalho, a ideia inicial foi valorizar as claves rítmicas de cada parte das músicas. Foi um processo longo, mas muito gratificante porque alcançamos o resultado desejado. A percussão está ali, valorizando a rítmica das melodias e contribuindo para exaltar os ritmos afro-brasileiros”, afirma.

Muito desta abordagem é fruto da experiência de Candemil enquanto pesquisador da música de ascendência afro-brasileira. Em 2021, o artista concluiu o Doutorado em Música pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) estudando, justamente, a vasta gama de ritmos afro-brasileiros. Além da atuação no campo acadêmico, ele também tem se dedicado há alguns anos em vivências e imersões durante intercâmbios realizados no estado da Bahia.

Essas experiências tiveram papel definitivo na elaboração do conceito que guia o EP, de acordo com o músico. “A gente percebe que enquanto percussionistas brasileiros, fazemos esse balanço ligando ritmo e melodia meio que naturalmente. Já na Bahia, especialmente em Salvador, nota-se que essa associação é mais consciente, porque grande parte dos músicos tocam em terreiros de candomblé, são grandes mestres deste saber. O meu olhar de colocar a percussão nesse papel primordial passa muito por isso”, destaca Candemil.

A gravação do EP Dois de Fevereiro, de Luciano Candemil, é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura, edital 007/2021, da Fundação Cultural de Balneário Camboriú.

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