Latino é um assunto de estado, não de Biden ou Trump. Por Raul Fitipaldi

Parece mentira pretender uma vida melhor na mesma nação que é a principal responsável pela sua falta de perspectivas no país de origem.

Fotos: BRANDON BELL/GETTY IMAGES; BONNIE CASH/PRESS POOL

Raul Fitipaldi, para Desacato.info

A história demonstra que a diferença entre os republicanos e os democratas são os graus de brutal sinceridade ou de cinismo fantasiado de humanidade. Claro, os democratas são, ao menos em aparência, mais sensíveis dentro do território norte-americano e igualmente violentos no que eles consideram o seu pátio traseiro. Já os republicanos são violentos também dentro das fronteiras do american dream. América Latina tem sofrido com republicanos e democratas, porque a violência e o saqueio contra os nossos países é um assunto de estado, não de governos pontuais.

A história também nos demonstra que os latinos são cidadãos de segunda e terceira categoria. Alguns nem isso. Uma coisa é comum a todos os latinos: ser mão de obra barata. Parece mentira pretender uma vida melhor na mesma nação que é a principal responsável pela sua falta de perspectivas no país de origem. Mas de fato é assim.

Há, no entanto, um latino de primeira classe. São os vermes cubanos que, geração trás geração, atuam para desestabilizar não só a revolução cubana, mas, toda e qualquer democracia da Pátria Grande, do México até a Argentina. Há verdadeiros gangsters no congresso estadunidense que fizeram prestígio e fortuna na execução dessas tarefas intervencionistas e golpistas que planeja o departamento de estado. Hoje, o mais atuante e famoso é Marco Rubio, senador republicano de 52 anos, obviamente, representante da Florida. A sonhada Miami dos Bolsonaros da vida se consolidou há muitas décadas como a “gusanera” da América Latina. 

Voltando às diferenças. Sim, com os democratas há mais possibilidades inclusivas para os latinos. E também para os povos originários e a imensa população afrodescendente. Mas nada disso transformará latinos, negros e indígenas em cidadãos de primeira classe.

Os latinos foram construindo gerações nascidas em território estadunidense. Hoje são várias gerações de latino-descendentes que pouco se importam com a história dos seus antepassados. Os países de onde vieram pais e avôs nada têm de melhor para lhes oferecer. Milhões de pessoas na América Latina dependem das remessas de dinheiro que chegam via Western Union, outro negócio fenomenal para o sistema financeiro norte-americano, e um salva-vidas para milhões de famílias que vivem em situação de miséria endêmica em nossa região.

O número de eleitores latinos cresce a cada eleição nos Estados Unidos e será maioria em poucos anos. Aí reside uma esperança para nossos irmãos. Mas, a esperança maior deveria residir na derrota do imperialismo estadunidense e a soberania territorial e econômica dos nossos países. Quem sabe um dia ninguém precise arriscar a vida na tentativa de cruzar o muro criminoso construído pelo Império na fronteira com o México.








 

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