Jeanine Áñez planejou fugir da Bolívia para o Brasil em março, diz jornal

Fotos Públicas

A ex-presidente autoproclama da Bolívia Jeanine Áñez planejou fugir do país em direção ao Brasil antes de ser presa preventivamente em março deste ano. A informação é do jornal boliviano La Razón.

Segundo o periódico em uma publicação desta quarta-feira (24/08), uma operação policial antecipou a detenção de Áñez, impedindo que conseguisse sair da Bolívia. De acordo com uma fonte ouvida pelo jornal, a ex-presidente apresentou “atos preparatórios para uma fuga”, como a locação de um jato privado e malas arrumadas.

Assim como, ainda segundo a fonte, ela foi encontrada escondida embaixo de um colchão quando foi detida pela polícia.

No entanto, para planejar a fuga, Áñez teria sido informada pelo então ministro da Presidência Yerko Núñez sobre a medida judicial contra ela. A fonte do La Razón informou que o ex-ministro foi avisado sobre o mandado de prisão pelo promotor do estado de Beni, Marco Cossío, que, à época, investigava o caso.

Núñez, com informações privilegiadas, segundo o jornal, pegou um outro avião com destino ao Brasil. Cossío, por sua vez, renunciou ao cargo ainda em março alegando problemas pessoais e de saúde.

Caso tivesse sucesso, Áñez não seria a primeira da gestão pós golpe de Estado que culminou na renúncia de Evo Morales a fugir da Justiça boliviana pelo Brasil. Arturo Murillo teria transitado pelo território brasileiro até chegar aos Estados Unidos, onde foi preso por lavagem de dinheiro. Na mesma viagem também estaria Fernando López, que possivelmente ainda está no Brasil.

Áñez permanece presa em La Paz de forma preventiva sendo investigada pelos crimes de sedição, terrorismo e conspiração. Na última sexta-feira (20/08), a Procuradoria-Geral da Bolívia denunciou a direitista de genocídio em referência à morte de 20 manifestantes na repressão a protestos pró-Morales pelas forças de segurança em Sacaba e Senkata, entre 15 e 19 de novembro de 2019.

Se o TSJ aceitar a denúncia, o caso será encaminhado ao Parlamento, a quem cabe decidir sobre a abertura ou não do processo contra Áñez.

Como foi o golpe na Bolívia

O ex-presidente Evo tentava o quarto mandato nas eleições de 2019 e chegou a ser declarado vencedor, mas a oposição não reconheceu o resultado, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que apontou supostas fraudes na votação – mais tarde, um estudo feito por universidades dos Estados Unidos constatou que o relatório da entidade continha uma série de falhas.

Pressionado por protestos e por motins de policiais e militares, Evo acabou renunciando ao cargo em novembro de 2019, assim como todos aqueles que estavam na linha sucessória para assumir a Presidência no caso de ausência do mandatário, até chegar em Áñez, que era então segunda vice-presidente do Senado.

Ela se autoproclamou presidente da Bolívia em uma sessão parlamentar boicotada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), e governou por um ano. Áñez se diz alvo de perseguição política por parte do governo do presidente Luis Arce, aliado de Evo.

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