Israel bloqueia entrada de vacina russa na faixa de Gaza

Ministra da saúde da Palestina Mai Al-Kailah

A ministra da saúde da Palestina, Mai Al-Kailah, acaba de informar que a ocupação israelense impediu a entrada em Gaza de vacinas anti-Covid, enviadas pela autoridade central palestina, em Ramallah, para o enclave.

Israel vem impedindo, desde 2007, quando bloqueou totalmente a faixa de Gaza, a entrada de milhares de bens de primeira necessidade, bem como medicamentos, equipamentos e insumos para o sistema de saúde, além de impedir a saída de pacientes para tratamento de saúde em Ramallah, Jerusalém ou no exterior.

Segundo o comunicado do Ministério da Saúde palestino, as forças de ocupação israelenses são totalmente responsáveis por esta “medida arbitrária, contrária a todos os costumes, leis e acordos internacionais”. Israel impede aos palestinos de Gaza a vacina russa Sputnik V. São duas mil doses do imunizante, resultado de acordo entre os governos russo e palestino, anunciado semanas atrás e que agora vem sendo cumprido, inclusive dando esperanças aos palestinos de enfrentamento da pandemia frente à negativa de Israel de fornecer a vacina ao povo palestino sob sua ocupação, em flagrante desrespeito à 4ª Convenção de Genebra, aos acordos internacionais que versam sobre o direito humanitário, às demais convenções da ONU, sem contar as decisões vinculantes da Organização Mundial da Saúde neste mesmo sentido.

Ou seja: o bloqueio à vacina é apenas mais uma ação mortífera contra a população palestina cercada em Gaza por Israel. Estas doses são para as imunizações dos profissionais de saúde palestinos que trabalham na linha de frente de combate ao vírus, especialmente aos que trabalham nas unidades de emergência e de terapia intensiva em Gaza.

De acordo com Al-Kailah, o governo palestino já se comunicou com as organizações internacionais da área de saúde, bem como com as demais organizações internacionais gerais e multilaterais, para denunciar a agressão israelense e pedindo que o bloqueio à vacina seja imediatamente levantado.

Covid na Palestina

A pandemia já fez 2.133 vítimas fatais na Palestina. Os casos oficialmente registrados são de 190.316 contaminados, com 177.474 recuperados da doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, há 63 pacientes internados em estado crítico.

A Palestina tem hoje, pelos dados oficiais, uma incidência de 402 mortes por milhão de habitantes, muito abaixo das registradas em outros países, como EUA (1.173), os maiores países europeus (de 1.064 a França e a 1.337 a Itália) e Brasil (1.133), por exemplo.

Entretanto, estes números eram muito menores na Palestina. O agravamento da pandemia em Israel levou à contaminação tanto de palestinos que trabalham em Israel e que, uma vez que suspeitos da doença, não foram colocados em quarentena, não receberam nenhum tratamento e simplesmente foram enviados para casa, quanto dos palestinos em território ocupado (Cisjordânia) que vivem próximos aos grandes assentamentos ilegais habitados por israelenses.

Como nestes assentamentos estão os judeus mais fanáticos e negacionistas da pandemia, recusaram-se ao isolamento social, ao uso de máscaras e chegaram, até mesmo, a cuspir nos palestinos, seja como provocação, seja para, eventualmente, contaminá-los.

Não por acaso, a pandemia entre os palestinos recrudesceu em Hebron e Jerusalém, onde estão estes israelenses extremistas, ou nas áreas de passagens entre Palestina e Israel. E para agravar, a ocupação israelense negou-se a cumprir com suas obrigações de potência colonial ocupante e recusou aos palestinos a vacinação ao mesmo tempo em que a aplica à sua população, inclusive nos assentamentos ilegais.

Isso se torna ainda mais grave quando Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, anuncia que pela quinta semana seguida, os casos novos de Covid-19 caíram no mundo. Estariam, hoje, nos patamares de novembro do ano passado. A coincidência com o início das campanhas massivas de vacinação em muitos países pode ser a razão, o que torna ainda mais criminosa a negativa da vacina por Israel ao povo palestino sob sua ocupação.

Fonte: Wafa, a Agência de Notícias Palestina

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