Islamofobia no Brasil no contexto do conflito Israel-Palestina em 2023

Imagem de Peggy und Marco Lachmann-Anke por Pixabay

Por Francirosy Campos Barbosa, Felipe Freitas de Souza e Francisco Cleverson Pereira da Silva.

O Grupo de Enfrentamento à Islamofobia do GRACIAS – (Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP)/Universidade de São Paulo (USP), há alguns anos, vem monitorando a Islamofobia em contexto brasileiro, sendo um dos resultados deste trabalho, o I Relatório de Islamofobia no Brasil, publicado em 2022, com versão em inglês (2023).

O conceito de islamofobia, cunhado pelo GRACIAS, pode ser verificado na publicação do Dicionário das relações étnico-raciais contemporâneas (organizado por Flávia M. Rios, Alex Ratts, Marcio André dos Santos, Editora Perspectiva, 2023), no qual o grupo de pesquisa atentou para conceituações relevantes do campo para compreensão dos casos brasileiros.

A preocupação com a Islamofobia também é apontada no Relatório de Recomendações para o Enfrentamento Discurso de Ódio e ao Extremismo no Brasil (Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, 2023), coordenado por Manuela D´Avila, junto ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania,  o qual contou com a colaboração da professora coordenadora do GRACIAS Francirosy Campos Barbosa.

Os eventos recentes, que tomaram proporção desmedida no Oriente Médio, dizimando a vida de mais de 14.500 mil palestinos e 1.200 israelenses, resultaram até a data da escrita do II Relatório de Islamofobia no Brasil – Pós 7/10/2023, pelo GRACIAS, em um evento gatilho (cf. Green, Todd. Fear of Islam: an introduction to islamophobia in the West. Minneapolis: Fortress Press, 2015), intenso para a comunidade muçulmana no Brasil.

Com intuito de medir esse reflexo, o GRACIAS aplicou um questionário de dez perguntas fechadas e uma aberta para comentários, por meio do aplicativo web Google Forms. Essas perguntas visavam captar as apreensões da comunidade muçulmana brasileira, antes e após o 7 de outubro de 2023, sobre o crescimento ou não de ações islamofóbicas dirigidas aos muçulmanos/as.  O questionário foi divulgado nas redes sociais digitais e contou com a colaboração para divulgação da Associação da Juventude Islâmica no Brasil (WAMY) , da ARRESALA – Centro Islâmico no Brasil) e da Associação Nacional de Juristas Islâmicos.

De acordo com os dados da ANAJI, o aumento de notificações em mensagens por e-mails, que lhe foram enviados no período, foi de 900%, o que já sinalizava, na avaliação do GRACIAS, um aumento significativo de violências sofridas por muçulmanos/as. No entanto, interessava ao grupo, maior precisão em relação a algumas temáticas que envolvessem esses atos, tornando-se necessário gerar dados quantitativos e qualitativos para poder acompanhar o desenvolvimento do fenômeno. O resultado da pesquisa, apresentado no II Relatório de Islamofobia no Brasil – Pós 7/10/2023, confirma este aumento e indica pontos importantes que devem ser analisados e considerados para um trabalho mais eficiente de enfrentamento à Islamofobia no Brasil.

O GRACIAS informa que este relatório aborda principalmente a parte quantitativa, de modo que são tecidas considerações principalmente acerca das respostas às questões de múltipla escolha. A parte qualitativa, que contempla principalmente a última pergunta do questionário elaborado, foi reservada para o relatório completo, que o GRACIAS publicará em 2024.

Ao todo, 310 (trezentas e dez) pessoas responderam ao questionário, entre os dias 10 e 18 do mês de novembro de 2023, sendo 125 homens, 182 mulheres e três pessoas que preferiram não se identificar. No Relatório é demonstrado, em conjunto, cada resposta dada por homens e mulheres da comunidade muçulmana.

O questionário foi aberto com a seguinte informação: “A partir do dia 07 de Outubro de 2023, a população palestina passou a sofrer os ataques de Israel em retaliação aos ataques do grupo Hamas. Um conflito localizado no Oriente Médio passou a ter reflexos na vivência de muçulmanos e muçulmanas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Esta pesquisa objetiva apreender os impactos do conflito na percepção de praticantes do Islam no Brasil acerca do preconceito e intolerância que possam vivenciar”.

Clique aqui para acessar o II Relatório de Islamofobia no Brasil – Pós 7/10/2023, produzido pelo Grupo de Enfrentamento à Islamofobia do GRACIAS – (Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP)/Universidade de São Paulo (USP)

Clique aqui para acessar o I Relatório de Islamofobia no Brasil, produzido pelo GRACIAS, em 2022.

Autores:

Francirosy Campos Barbosa é antropóloga, docente associada no Departamento de Psicologia/FFCLRP/USP e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e Antropologia (USP), pós-doutorado pela Universidade de Oxford. Coordenadora do GRACIAS. Bolsista Produtividade 2 CNPq (2023-26): “Islamofobia: um problema de raça, classe e gênero”.

Felipe Freitas de Souza é pedagogo, doutorando em Ciências Sociais UNESP/Araraquara, membro do GRACIAS.

Francisco Cleverson Pereira da Silva é graduando em Psicologia (FFCLRP/USP), membro do GRACIAS, bolsista PUB Islamofobia.

 

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