O ministro israelense Bezalel Smotrich disse que deixar dois milhões de palestinos na Faixa de Gaza morrerem de fome pode ser “justificado e moral”.
Falando em uma conferência organizada pelo jornal Israel Hayom na segunda-feira, ele expressou apoio ao bloqueio da ajuda à Faixa de Gaza, mas disse que Israel não tinha legitimidade internacional para fazê-lo.
“Estamos trazendo ajuda porque não há escolha”, disse o ministro de extrema direita, de acordo com o Times of Israel.
“Não podemos, na realidade global atual, administrar uma guerra. Ninguém nos deixará causar a morte de dois milhões de civis de fome, mesmo que isso possa ser justificado e moral, até que nossos reféns sejam devolvidos”, acrescentou.
Ele disse que Israel precisava de “legitimidade internacional para esta guerra”.
Por quase 10 meses, o exército israelense impôs um cerco rigoroso à Faixa de Gaza, limitando extremamente o fluxo de alimentos essenciais e itens médicos.
A entrega de ajuda é escassa, desprotegida e restrita.
Em junho, investigadores independentes da ONU disseram que Israel estava usando a fome na população palestina como arma de guerra.
A crise de fome levou à morte de dezenas de pessoas devido à desnutrição, principalmente crianças.
Um alto risco de fome persiste em toda a Faixa de Gaza, já que quase toda a população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda ou pior, incluindo meio milhão de pessoas sofrendo de fome, afirmou em junho a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiada pela ONU.
Declarações genocidas
Smotrich é um dos muitos ministros e autoridades israelenses que fizeram declarações descritas como genocidas contra os palestinos de Gaza desde 7 de outubro.
Em 9 de outubro, o Ministro da Defesa israelense Yoav Gallant disse que Israel estava lutando contra “animais humanos” ao anunciar um “cerco completo” a Gaza.
“Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, tudo está fechado”, disse Gallant.
Outros ministros e autoridades defenderam o uso de uma bomba nuclear em Gaza, transformando o enclave em um “matadouro” e “apagando a Faixa de Gaza da face da Terra”.
A África do Sul disse que essas declarações são provas da intenção genocida em seu caso em andamento na Corte Internacional de Justiça, em que acusa Israel de genocídio em Gaza.
Israel nega a acusação de genocídio.
Smotrich também foi acusado de fazer declarações genocidas sobre a Cisjordânia ocupada.
Em março de 2023, ele disse que a aldeia palestina de Huwwara, perto de Nablus, “precisa ser exterminada”.
Tradução: TFG, para Desacato.info.