Família do MST conquista agroindústria vegetal no Rio Grande do Sul

Familia Oliveira. Ordem – Robison, Roseli, Darci de Oliveira. Foto – Catiana de Medeiros

Por Maiara Rauber.


Educar um filho é uma das tarefas mais importante para os pais. Robison Mick de Oliveira, 32 anos, formado em Engenharia de Produção pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) em Canoas, na região Metropolitana de Porto Alegre, é filho da dona Roseli Mick de Oliveira e seu Darci de Oliveira, 55 e 53 anos respectivamente. O orgulho por terem lutado juntos para possibilitar a conquista de uma formação para o filho deixa os dois assentados do MST emocionados a cada vez que falam sobre o assunto.

Para que a conquista de um diploma superior do filho se tornasse possível, primeiro o casal precisou ultrapassar os obstáculos da vida. Com o intuito de conquistarem seu espaço, a única alternativa para seu Oliveira e dona Roseli foi não desistir da luta.

A jornada do casal em busca de assentamento durou dois anos e três meses. Começou em Cruz Alta, passou por Boa Vista do Incra, ambos na região Noroeste e, em seguida, mudou-se para Bagé, na Campanha. De lá, veio para Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre, onde estão assentados há 26 anos.

Seu Darci de Oliveira lembra emocionado das conquistas que obteve nessa trajetória. “Quando chegamos aqui não tínhamos dinheiro pra comprar um quilo de farinha e hoje construímos uma agroindústria”.

A Agroindústria Vegetal Oliveira, coordenada pelo casal, foi inaugurada nesta terça-feira (21), no Assentamento São Pedro. Dona Roseli descreve o sentimento em relação a essa conquista. “Para nós foi um passo muito importante, porque estava cada vez mais difícil conseguimos colocar nossos produtos no mercado. O caminho foi ir atrás da legalização. Agora, esperamos oferecer e colher bons frutos.”

O casal registrou como produtos principais dois kits de sopa e mandioca congelada e embalada a vácuo. Ambos possuem certificação orgânica e são produzidos com renda própria. Porém, conforme seu Oliveira, o produto que está sendo distribuído inicialmente nos mercados e em feiras são três variedades de mandioca: frita, branca e amarela.

O alimento é plantado em 13 hectares do lote do casal, que tem o objetivo de atingir anualmente a produção de 50 toneladas. De acordo com seu Oliveira, o produto tem um ciclo de produção que dura em média sete a oito meses, e com uma boa condição de armazenamento, é possível distribuir a mandioca o ano todo. O processo de descasque é manual e feito apenas pelo casal, por isso, os assentados buscarão parceiros para esta etapa do empreendimento.

Como complemento de renda, a família produz aproximadamente 40 itens de alimentos orgânicos para feiras de Porto Alegre e Eldorado do Sul – Guaíba Country Club, das 8h ao meio dia. Também entregam para instituições de ensino através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Para Oliveira, essa conquista, apesar de árdua e demorada, é um sinal que o desenvolvimento chega também para os assentados. “O mais importante disso tudo é mostrar pra sociedade que o assentado também pode”, relata. Como forma de reforçar o objetivo principal da agricultura que é desenvolvida nos assentamentos da Reforma Agrária, ele destaca a transformação que realizou juntamente com sua família. “Há muitos anos abandonamos o fumo e passamos a produzir alimentos sem venenos, isso pra nós é muito importante”, finaliza.

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