Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato, se manifestou no início da tarde desta quinta-feira (18) para dizer que negou o pedido de prisão preventiva para o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Inicialmente, a informação era de que o ministro havia submetido a decisão para o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), que se reuniria nessa tarde para analisar o caso.
Fachin disse que só um “eventual recurso” poderá ser incluído em pauta para análise do plenário “no tempo mais breve possível” — o que dependenderia da PGR (Procuradoria Geral da República), autora do pedido, insistir na prisão do presidente nacional do PSDB.
Apesar de ter negado a solicitação, o ministro suspendeu o mandado de senador do tucano. Aécio foi eleito para o cargo em 2011 e teria mandato até o fim de 2018.
Ao afastar o político da função parlamentar ou “de qualquer outra função pública”, Fachin impôs duas medidas cautelares ao tucano: a proibição de contatar qualquer outro investigado ou réu no conjunto de fatos revelados na delação da JBS; e a proibição de se ausentar do País, devendo entregar seu passaporte.
O Supremo também autorizou a prisão preventiva da irmã do senador, a jornalista Andrea Neves. O mandado de prisão foi expedido pelo ministro Edson Fachin. Ela foi presa pela Polícia Federal na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Delator afirma que Aécio Neves pediu R$ 2 milhões de propina
O apartamento dela no Rio de Janeiro foi alvo de busca e apreensão, mas ela não estava no local. Um chaveiro foi chamado pela Polícia Federal para abrir o imóvel.
Um primo do presidente do PSDB também foi preso preventivamente pela Polícia Federal. Frederico Pacheco de Medeiros, conhecido como Fred, teria sido filmado recebendo R$ 2 milhões a mando de Joesley Batista.
Além dele, Menderson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrela (PMDB-MG) também foi preso. Todos foram citados na delação de Joesley Batista. Em todos os casos os mandados são de prisão preventiva e foram autorizados pelo STF.
Operação Patmos
Nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mais de 40 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Brasília em mais uma etada da operação Lava Jato. Os policiais estiveram em imóveis de Aécio Neves no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Brasília.
A operação teria começado após a delação de Joesley Batista, dono da JBS, que gravou Aécio Neves pedindo a ele R$ 2 milhões para pagar a própria defesa na Lava Jato. O valor teria sido entregue a um primo do senador, em espécie, que teria levado as notas para uma empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
Bancada do PSDB na Câmara se reúne para discutir futuro de Aécio no partido
O empresário também gravou o presidente Michel Temer dando aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que fazia pagamentos para evitar que o ex-deputado falasse o que sabe a investigadores. A revelação foi feita pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A Operação que afastou o presidente do PSDB do mandato foi denominada pela Polícia Federal de Patmos. É uma referência a ilha grega na qual o apóstolo João teria recebido mensagens do apocalipse.
Aécio na mira
Policiais federais e funcionários do MPF (Ministério Público Federal) saíram às 9h20 do prédio do senador Aécio Neves (PSDB) em Ipanema, bairro nobre da zona sul do Rio. Eles ficaram por cerca de duas horas no local e saíram com um malote e uma mochila do edifício.
O grupo chamou um chaveiro para abrir o apartamento do presidente do PSDB, já que ninguém atendeu ao chamado. O imóvel estaria vazio. O prédio, que tem o nome do avô de Aécio, Tancredo Neves, está em um dos endereços mais valorizados da capital fluminense. As buscas duraram duas horas e foram feitas em companhia de uma testemunha chamada no local, no caso, o funcionário de um hotel que fica ao lado do prédio.
Defesa
Advogados do senador Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniam por volta das 9h15 na residência do tucano em Brasília. Logo após a saída dos agentes da Polícia Federal da casa do senador, o advogado Luís Eduardo Alckmin chegou ao local. Na sequência, chegou também o advogado criminalista Rodrigo Alencar. “Vim ver um amigo”, afirmou Alencar ao entrar na residência.
Havia, às 9h30, vários jornalistas na porta da casa e duas viaturas da Polícia Militar tinham acabado de chegar ao local. O carro que o senador costuma usar está estacionado nas proximidades. Alguns vizinhos também acompanham com curiosidade a movimentação em torno da residência do presidente do PSDB.
—
Fonte: R7.