Fábio Faria é desmentido por Ministério sobre projeto de Musk: não há 19 mil escolas sem internet

Segundo Ministério das Comunicações, comandado por Faria, país tem 14,5 mil escolas sem a rede, sendo que 12 mil delas já tem projeto para conexão. Satélites de Musk também são incapazes de monitorar Amazônia.

Por Plínio Teodoro.

O cortejo ao bilionário Elon Musk pela tropa de choque governista não passou de mais um ato eleitoreiro em prol de Jair Bolsonaro (PL). Anunciado com pompas por Fábio Faria, o projeto Starlink, de Musk, teria como meta conectar 19 mil escolas públicas no país à internet e montar uma rede de satélites para monitoramento da Amazônia.

Só tem um detalhe: em todo o Brasil não há 19 mil escolas a serem conectadas às redes. Segundo dados do próprio Ministério das Comunicações, comandado por Faria, há atualmente 14,5 mil escolas desconectadas. No entanto, 12 mil delas já têm projeto para receber internet.

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“Existem atualmente 14,5 mil escolas sem internet no país. O Governo Federal anunciou a instalação de novos 12 mil pontos de Wi-Fi Brasil até julho. Apenas 2,5 mil escolas restarão para o segundo semestre”, informou, em nota, o ministério ao jornal O Globo.

O Ministério ainda confirma que “não há previsão de parceria em curso” sobre o projeto Starlink.

Há em curso no país ao menos dois programas de conexão com a internet: o Wi-Fi Brasil, de responsabilidade da Viasat, concorrente de Musk nos EUA, e o Norte Conectado, que prevê a implantação de cabos de fibra óptica nos rios da Amazônia.

O outro anúncio feito por Musk, sobre monitoramento da Amazônia, não passa de mais uma falácia. O trabalho é uma questão de soberania nacional e já é realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Segundo especialistas, os satélites da SpaceX, empresa de Musk, não têm condições técnicas de realizar o monitoramento pois só fazem envios de imagens e sons.

É inviável pensar num novo sistema em poucos meses. Isso é impossível, um blefe. Apostar nisso parece uma medida desesperada para tentar negar a realidade do desmatamento. E isso é outra coisa impossível porque existe uma rede de satélites internacionais captando dados o tempo todo e que revelariam informações erradas”, disse a O Globo Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e especialista em mudanças no uso da terra, geoinformática e processamento de imagens espaciais.

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