Enem: Bolsonaro tira Marx da prova, mas servidores colocam Engels

    Daniel Cara comentou em sua conta do Twitter que o governo tentou intervir na prova, mas foi impedido pelos Servidores

    O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) tentou, mas não conseguiu. Apesar da pressão para desfigurar a prova do Enem realizada neste domingo (21), que, segundo ele, ficaria com a cara de seu governo, funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela elaboração da prova, conseguiram furar o cerco várias vezes.

    Apesar do filósofo alemão Karl Marx estar vetado, uma das questões trata sobre o comportamento da classe média, abordado por Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista com Marx, em seu livro “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”. Veja na postagem abaixo:

    Admirável Gado Novo

    Outra questão que chamou bastante atenção nas redes sociais envolve a música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho. A prova perguntava qual comportamento coletivo o compositor queria dizer com os versos da massa que seguia adiante como gado. A resposta seria a passividade social. Essa canção foi lançada em 1979, período em que vigorava a ditadura militar.

    Daniel Cara

    O educador Daniel Cara, dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, comentou em sua conta do Twitter que “Milton Ribeiro (ministro da Educação) faltou com a verdade na coletiva do Enem. 1) disse que o governo não interviu na prova. Na verdade tentou, mas foi impedido pelos Servidores. 2) O mérito da logística é dos Correios e não do governo – que quer privatizar a empresa”.

    Ele disse ainda: “Na gestão e elaboração e na logística do Enem tivemos 2 vitoriosos: os Servidores do Inep e os Correios. Os Servidores sofrem assédio de um governo que quer destruir o Serviço Público via Reforma Administrativa. E Bolsonaro quer privatizar os Correios…”

    Crise no Enem

    O Enem viveu uma crise nos últimos dias, principalmente após um desligamento em série de 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) depois do pedido de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho Sousa, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junior Rocha Morais.

    Servidores do órgão responsável pelo exame afirmaram à imprensa que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro.

    Segundo eles, houve tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e despreparo do presidente do órgão, Danilo Dupas. O foco principal dessa intervenção seria as questões de história recente, em especial sobre a ditadura militar.

    Durante viagem internacional aos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que teria interferido no Enem para que a prova tivesse “a cara do governo”.

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