Editorial: um dia levaram a terra, depois as águas e o sol e o ar

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.

Um dos motivos que explicam a preservação do governo de Jair Bolsonaro por boa parte do Congresso, onde Rodrigo Maia há tempo está sentado em mais de 40 pedidos de impeachment, é que tanto no Senado como na Câmara de deputados federais o saqueio ao país continua impenitente. A associação entre o Congresso e o Executivo Nacional para acabar de vez com a soberania nacional não se detém com a pandemia, melhor ainda, se aproveita dela para aprovar mais e mais destruição da nação brasileira.

Na quarta-feira, dia 24 de junho, o Senado, com só a reprovação da bancada do Partido dos Trabalhadores e outros poucos senadores, aprovou o novo marco do saneamento básico que agora vai para a câmara para posterior sanção do presidente da república.
O projeto teve 65 votos de aprovação contra apenas 13 contrários. A votação escancara o difícil que será para o Brasil se recuperar desta devastação da soberania, como também explicita o bem afincado que está o interesse privado, por cima do público, entre os representantes que candidamente o povo elegeu.

Depois de quase duas décadas de escracho da política através da mídia tradicional, que rezou diariamente a ladainha de que todo político é corrupto e logo, inevitavelmente, a política é coisa de corruptos, conseguiram naturalizar a ideia de que o que aconteça desde o Congresso até a mais humilde câmara de vereadores, nada tem a ver com a população cinicamente santificada. Essa despolitização levou a que bancadas que só representam os mais baixos interesses privados, bola, boi, bíblia e tantas outras, fisiológicas e funcionais ao empresariado local e as transnacionais, façam o que seus patrões mandam, sem remorso e nem desconfortos.

Paralelamente foi construída a imagem de que tudo o que é público é ruim, não funciona, e também é gerido por funcionários corruptos. Essa cantilena vem da década de 90 quando perdemos a Vale do Rio Doce, vários bancos estaduais e as telefônicas públicas. Fernando Henrique Cardoso foi o ícone desse desmonte a serviço dos interesses das elites.
Chegamos assim a mais esta facada nas costas do Brasil. O novo marco do saneamento, com metas previstas para 12 anos, coloca a risco os locais mais pobres do país que se não oferecem lucro podem ficar sem o serviço essencial e ver restringido o direito universal de água, ao contrário do que justifica, oh coincidência, outro tucano, o senador Tasso Jereissati, aquele que com Fernando Henrique começou esta trama de destruição da soberania nacional e exclusão dos mais pobres dos direitos mais elementares.
#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.