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Enquanto Florianópolis se aproxima das 100 mortes por coronavírus e o governo do estado não reage ante a gravidade da situação, avança o cenário eleitoral. A Frente de Esquerdas espera resolver o impasse da composição na chapa majoritária nos próximos dias. Os pré-candidatos e pré-candidatas proporcionais canalizam seus esforços reunindo os apoiadores iniciais, os núcleos duros de campanha, e alguns já realizaram ou realizarão logo os lançamentos dos seus nomes, mesmo antes das convenções partidárias.
A vida política, em tempos de pandemia, discorre através da internet e suas redes sociais. As mesmas redes sociais que consagraram amplas e surpreendentes vitórias da direita em nível nacional e deram um acachapante triunfo a Jair Bolsonaro em Santa Catarina, promovendo também o inexpressivo Carlos Moisés ao governo do Estado.
O processo de adaptação por parte da esquerda florianopolitana ao uso das redes para realizar o que sempre, como muita experiência, disciplina e poder de mobilização fazia nas ruas, no palanque e no corpo a corpo não será fácil. A direita demonstrou sua capacidade de chegar de várias formas à intimidade de cada eleitor e eleitora. E se não é a única explicação para sua vitória eleitoral, depois de um ano e meio de governo bolsonarista é visível que o recurso das redes é um eixo importantíssimo na presente disputa municipal.
A esquerda que já apresentava dificuldades de atualização na sua linguagem e na efetividade do seu discurso histórico, agora terá um desafio muito maior, terá que navegar nas águas onde o adversário é muito forte. Até agora as tentativas feitas através do que foi vulgarizado como “lives”, não parecem ser a única solução e os resultados iniciais não são dos melhores. Falta conhecimento do espaço e da oportunidade do seu uso correto. Muito cedo se observa uma saturação da militância que tem uma oferta muito maior do que sua própria demanda.
Também permeia este uso algo alucinado das redes sociais a confusão dos formatos e dos papéis. Os pré-candidatos e pré-candidatas estão cumprindo o papel de comunicadores sociais e jornalistas, e o fazem com muita desvantagem e com produções ao vivo pouco interessantes. Esse problema também afeta os profissionais da comunicação que se debruçam, a cada dia, sobre essa dificuldade do campo popular.
O cenário tornou-se mais grave ainda porque os cálculos de uma possível saída à pandemia deram errado e Florianópolis, como todo o estado catarinense, já observa o coronavírus como um inimigo difícil de vencer no médio prazo. Logo, o terreno de jogo onde se vão dirimir as diferentes propostas eleitorais é o campo do inimigo.
Nessa pista a Frente de Esquerda corre com desvantagem e falta pouco para a largada da prova.