Denúncia: Ataque lesbofóbico durante o Carnaval de Florianópolis

Antes de qualquer coisa, minhas mães e meu pai estão tomando todas as medidas judiciais necessárias, mas precisamos urgentemente identificar e localizar o agressor.

Este carnaval foi um dos mais aguardados entre eu, minhas amigas e amigos. Seria o primeiro que conseguiríamos juntar a maioria na ilha, já que sempre estamos fora da cidade no período das férias. Era dia 25 de fevereiro, sábado, próximo das 22h, quando eu e cinco amigas estávamos nos deslocando do bloco da Comuna que o Pariu em direção ao Jivago Social Club. Durante o percurso, uma das mulheres foi assediada por um homem, que tentou beijá-la à força mas, ao perceber que ela estava de mãos dadas com a sua companheira, recuou de maneira agressiva. Depois de alguns minutos, tanto eu quanto elas, decidimos que seguiríamos até o Angeloni via Avenida Rio Branco, e decidiríamos se iríamos nos alimentar e ir ao Blues Velvet, ou nos alimentaríamos e iríamos para casa. Quando passávamos em frente à Delegacia da Polícia Civil percebi que o homem que havia assediado uma das minhas amigas estava nos seguindo, junto a um casal heterossexual. Comuniquei uma delas, e ao chegarmos na esquina do Texano Grill, ele nos chamou de “sapatão” e ao tentar empurrar uma delas, eu estendi o meu braço direito em sua defesa. Foi quando ele desferiu um soco em meu rosto. Assim que eu caí ao chão, todas as minhas amigas foram em direção ao homem, e ao pedir para o amigo dele segurá-lo, ele silenciou. A companheira do amigo do agressor, ao discordar de toda a ação, comunicou que ele se chama Bruno Sousa/Souza, que chamavam de Bruninho (ele tinha várias tatuagens e uma delas era uma pistola na barriga) o namorado dela, Felipe. Ao se direcionar à rua lateral da rua principal, o agressor foi abordado por duas mulheres e um homem, e ao desaprovar toda a agressão dele para comigo, ele deu pontapés nas costas da mulher. Além das agressões físicas, o agressor jurou morte a todas as lésbicas e retornou ao local que estávamos para mais insultos.

Ligamos para a Polícia Militar, e mesmo após longos minutos de espera nenhuma viatura foi enviada. Não havia nenhum policial disponível da Delegacia da Polícia Civil, e nos deslocamos para o Hospital Celso Ramos, onde nos foi negado atestado de lesão corporal sem apresentar Boletim de Ocorrência. Mesmo com muito sangramento e com risco de fraturas faciais, retornamos à Delegacia da Polícia Cívil, e após mais minutos de espera fomos atendidas e o Boletim de Ocorrência foi registrado.

Neste momento, tudo o que precisamos é identificar e localizar o agressor, Bruno Souza, para que todas as medidas judiciais sejam tomadas, juntamente com as imagens das câmeras do restaurante Texano Grill e registros feitos pelas mulheres que estavam comigo.

NÓS fomos agredidas por aquele soco, NÓS somos violentadas diariamente por essa sociedade machista, patriarcal e misógina, NÓS! Enquanto eu estava fazendo raio x no hospital, fechei os meus olhos e apenas ouvia o barulho da máquina e o som que ecoava dentro de mim, uma voz de todas nós mulheres. Eu carreguei em meus ombros todas as mulheres que me cercam, eu as senti em mim assim como muitas me sentiram nelas. Eu senti e ainda estou sentindo medo, insegurança, impotência e culpa. Mesmo tendo consciência que eu não tenho culpa alguma, é um sentimento que oscila entre crises de ansiedade, choro e muita troca de energia, histórias e vivências.

O meu caso, infelizmente, não é um caso isolado. Florianópolis, a ilha da magia e considerada gay friendly, teve muitos registros de violência de gênero e homofóbicas nas últimas horas de carnaval.

Não seremos NENHUMA a menos, e se há algo que você pode fazer por todas nós mulheres, pra muito além de cuidados com a minha integridade física e mental, é não compactuar com o machismo, é empoderar cada vez mais as mulheres que nos cercam e irmos às ruas no dia 8 de março, quando haverá a greve mundial das mulheres, JUNTAS!

Agradeço a todas as mensagens de apoio que tenho recebido nas últimas horas e peço desculpas se não consigo acompanhar o fluxo e responder, no momento estou sendo muito bem amparada por todas as pessoas que são próximas a mim e recebendo todo o apoio e cuidados, vai ficar tudo bem e juntas somos cada vez mais fortes.

NÃO É NÃO!

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Fonte: Victória Corrêa Tavares

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