Por Suzana Camargo.
Acredita-se que os coalas (Phascolarctos cinereus) evoluíram no continente australiano durante o período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica, há cerca de 45 milhões de anos.
Restos fósseis de animais semelhantes a eles foram encontrados datando de 25 milhões de anos atrás. À medida que o clima mudou e a Austrália se tornou mais seca, a vegetação evoluiu para o que conhecemos hoje como eucalipto, tornando-se a fonte de alimento desses marsupiais.
Antes dos primeiros europeus chegaram ao continente, por volta de 1788, milhões e milhões de coalas viviam nele. Todavia, ao longo dos últimos 230 anos, o impacto das atividades humanas, assim como a perda das florestas, reduziu a população de coalas a números alarmantes.
E não foi só isso. Durante muitas décadas, ao redor de 1900, a pele do coala era exportada para a Europa. Milhões desses pequenos e inofensivos animais foram mortos para atender a demanda, ou melhor, a vaidadedo homem.
Em 1924, a espécie já estava extinta no sul da Austrália. Apenas no final da década de 30, devido à revolta popular, foi declarado pelo governo o status de “animal sob proteção”.
Hoje, estimativas da Australian Koala Foundation revelam que a população de coalas, livres na natureza, deve ser de 80 mil indivíduos. Mas não há certeza sobre este número. Especialistas apontam que ele poder ser ainda menor. Por volta dos 40 mil.
Atualmente, além da perda de habitat, esses marsupiais enfrentam ainda outras ameaças: o ataque de animais domésticos, como cães e gatos, as mudanças climáticas (e as ondas de calor avassaladoras que têm afetado a Austrália) e doenças trazidas pelo ser humano.
O que significa ‘extinção funcional’?
De acordo com a Australian Koala Foundation, por causa desse declínio dramático da população dos coalas, eles se tornaram “extintos funcionalmente”.
Os autores do estudo explicam que, quando os números de uma espécie diminuem a um certo ponto, ela não consegue mais se reproduzir de maneira a garantir sua perpetuação. A segurança e variação genética ficam comprometidas, já que o acasalamento, muitas vezes, ocorre entre “parentes” muito próximos.
Outro ponto é que, sua presença menor não cumpre mais seu então papel no ecossistema em que habitat.
“Por milhões de anos, os coalas têm sido uma parte fundamental da saúde de nossas florestas de eucalipto ao comer folhas superiores e, no chão da floresta, seus excrementos contribuem para uma importante reciclagem de nutrientes”, explicam os pesquisadores.