Por Federação Árabe-Palestina do Brasil.
Entre assassinatos e outras violências, já são incontáveis os atos violentos com motivação política. Tamanha violência entre civis não foi vivida, no Brasil, mesmo durante o arbítrio.
Eis que vemos este quadro grave de violência alastrar-se no continente. A tentativa de assassinato da vice-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, ontem à noite – o que só não aconteceu porque a arma não disparou -, por um brasileiro extremista, não pode ser interpretado como caso isolado, assim como não é a tentativa de linchamento, em Santiago (Chile), de Simón Boric, irmão do presidente Gabriel Boric, também no dia de ontem, por turba radicalizada contrária à aprovação do novo texto constitucional para o país.
Esta violência política, que pode mergulhar os países da região em caos, e mesmo em guerras civis, decorre da cultura de ódio, intolerância, racismo e xenofobia, intensamente promovida nos últimos 20 anos, com falsificações históricas e factuais do dia a dia, instrumentalização da religião por empresários da fé e o armamento massivo da população.
Estamos a poucas semanas das eleições para a Presidência da República, governos estaduais, assembleias legislativas e Congresso Nacional. A violência precisa ser denunciada e contida, sob pena de destruição da democracia e do país, levando a círculo vicioso de violência, depressão econômica, caos social e a eventos até mais graves, talvez únicos em nossa história.
Isso não interessa ao Brasil e aos demais países e povos. Somente potências estrangeiras hostis, que sabotam as soberanias nacionais e populares com vistas à dominação global, é que ganham neste processo destrutivo. E são elas, tanto diretamente quanto por meio de agentes internos, alguns ressuscitados do passado, outros inventados nos últimos anos, que promovem este processo acelerado de violência política e social e miserabilização das populações.
Por tudo isso, condenamos energicamente o atentado contra a vice-presidenta argentina, bem como alertamos para a violência que nos vem cercando, que setores extremistas promovem e buscam normalizar. Somente a democracia e a paz interessam ao Brasil e ao continente.