Até 1000 crianças da Costeira podem ficar sem escola

Professores se posicionam em frente a EEB Júlio da Costa Neves – Foto: Maria Fernanda Salinet/ND

Redação

A escola Anísio Teixeira localizada na Costeira do Pirajubaé em Florianópolis começou a literalmente cair em 2019, com salas interditadas e partes do chão cedendo. Mães de estudantes se organizaram, denunciaram no Ministério Público e chamaram uma reunião com a defesa civil que alertou que havia possibilidade da estrutura da escola cair nos próximos dois ou três meses.

A prefeitura interditou a escola se comprometendo a realocar todos os estudantes. No entanto, nem todos conseguiram vaga em escolas de Florianópolis, alguns foram até a cidade Lauro Muller para estudar (escola que depois também foi fechada pela prefeitura).

Chaiane Guterres, moradora da Costeira, mãe de duas crianças e ativa na mobilização de mães do bairro conta as dificuldades de muitas crianças da Costeira que não estudam na região e também daquelas que nem vaga conseguiram.

O problema da falta de escola vai para além da Costeira do Pirajubaé. Ocorre um “processo de expulsão” diz Chaiane, famílias se mudam para Florianópolis e são forçadas a voltar para suas cidades porque não encontram vaga para seus filhos.

Neste momento está para ser interditada a escola estadual Júlio da Costa Neves, também localizada na Costeira, onde estudam mais de 600 estudantes. As aulas estão sendo dadas em um ginásio. Se prometeu enviar os estudantes para outras escolas, mas para qual, se não há vaga?

Em 2019 nas reuniões com o Ministério público e sindicatos foi feito um plano de construção de uma nova escola. A promessa era, ironicamente, uma “escola do futuro”, e aparentemente ficou para o futuro pois até hoje não se mexeu no terreno onde era para ser construída.

A escola é um direito garantido pela constituição, mas que não vem sendo aplicado na prática para um grande número de crianças e jovens aqui mesmo na cidade de Florianópolis. Em relação a criminalização vivenciada pelos habitantes da costeira, Chaiane afirma: “O estado nega direitos e condições básicas para sobrevivência e depois criminaliza e extermina a juventude negra e periférica da cidade”.

Assista a entrevista completa abaixo:

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