Durante 2015, o Solar Decathlon foi realizado pela primeira vez na América Latina e Caribe. A cidade escolhida como sede foi Cali, na Colômbia, e o ganhador foi a equipe do Uruguai, formada por estudantes da Universidade ORT Uruguai.
“A Casa Uruguaia” foi desenhada com o objetivo de melhorar a má qualidade habitacional do país sem que isso implicasse em aumentar os gastos das habitações sociais.
O desafio convida as universidades de todo o mundo a desenhar e construir casas sustentáveis onde a inovação, o uso de tecnologias e a energia limpa sejam aspectos chave na construção e que impactem de maneira positiva toda a comunidade.
Da competição participaram 14 equipes interdisciplinares, que durante um ano de trabalho desenharam e construíram habitações que foram avaliadas em aspectos centrais como arquitetura, engenharia, condições de conforto, eficiência energética, inovação, acessibilidade e consciência social.
Os protótipos das casas foram transportados à Cali em uma localidade especial em que poderiam ser remanejadas, visitadas e avaliadas.
Como é a “Casa Uruguaia”?
Desenho Urbano
Em primeiro lugar, no que se refere ao desenho urbanístico, a equipe uruguaia buscou fomentar a vida ao ar livre, criando grandes corredores para uma fluída circulação que não buscasse somente o trânsito como também a recreação.
Além disso, a proposta é situar-se em locais com acesso aos serviços públicos e transporte, já que entende que essa é uma das maneiras mais efetivas de diminuir a brecha da desigualdade social que afeta os setores mais vulneráveis.
Desta maneira, prevê quatro blocos agrupados em duplas, com uma alta densidade de habitações para maximizar o uso do espaço público.
O desenho urbano também inclui o desenvolvimento de uma rede elétrica inteligente(Smart grid) e da reutilização da água da chuva.
A habitação
A moradia está desenhada como se fosse uma casa dentro de outra, de forma a adaptar-se às mudanças climáticas adversas. Desta maneira, a parte externa funciona como um isolante térmico da casa, gerando um microclima que, por sua vez, também trás uma maior durabilidade. Um aspecto inovador é que essa “pele” exterior pode ser desmontada e reposta facilmente.
Por outro lado, o desenho se destaca por sua funcionalidade, podendo ser utilizada comodamente por várias pessoas por vez; já que foi criada voltada para famílias numerosas ou médias, separando áreas privadas e comuns.
Em todo o momento, a economia e maximização do espaço aparecem como uma premissa central. O mobiliário acompanha este objetivo, priorizando a praticidade e a multifuncionalidade sem descuidar da harmonia estética. Desta maneira, é possível, por exemplo, ter um armário que também servirá como escritório, e incluso, como cama.
Um detalhe que demonstra a praticidade que foi buscada no desenho é o banheiro, que foi dividido em três áreas para poder ser utilizado por três usuários ao mesmo tempo sem que haja perda de privacidade.
Tecnologia
A habitação pode ser um modelo de moradia inteligente, já que mediante uma interface permite, através do uso das novas tecnologias, comunicar o habitante com sua própria casa. A moradia notifica e faz sugestões ao morador em relação as suas ações, tendo como objetivo principal conscientizar sobre a importância do uso das energias renováveis.
Além disso, foram implementadas painéis fotovoltaicos, eletrodomésticos eficientes, reutilização de água, desenho de estratégias naturais para ter uma melhor iluminação e ventilação e uma produção de horta ecológica.
Desta maneira, “A Casa Uruguaia” permite economia na luz ambiente, energia térmica e consumo de água, gerando maior rendimento e menores gastos.
Material
A madeira foi o material escolhido como o mais eficiente e adequado para a construção, devido a sua resistência, maleabilidade e possibilidade de renovação. Provém integralmente de bosques uruguaios e é certificado como madeira de exploração ecologicamente correta.
Uma das características mais destacadas da competição é que se leva em conta questões sociais, econômicas e ambientais próprias da América Latina e Caribe, como a desigualdade socioeconômica, a densidade populacional, o regime de chuvas e o acesso à água, dentre outros fatores.
Novamente a arquitetura e inovação se colocam a serviço das pessoas e do ambiente na América Latina. Sendo um grande orgulho para toda a região; e um impulso motivacional para o progresso.
Versão em português, por Thiago Iessim, para Desacato.info
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