Por Ariovaldo Ramos.
A fome voltou a se alastrar no Brasil! Chega a 10,3 milhões o número de pessoas sem acesso regular à alimentação. Na década de 1990, me envolvi com a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida, capitaneada pelo sociólogo Betinho. Fui membro da coordenação no estado de São Paulo. Depois, no governo popular, fiz parte do Consea, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Presidência da República.
Foi um tempo de luta contra fome, o quadro, já há muito denunciado por Josué de Castro, era muito grave, mas, graças à luta hercúlea de muitos brasileiros e brasileiras, saímos do mapa da fome, em 2014, segundo a ONU.
Por causa da postura reacionária da direita, ainda embrionária, porém, já antecipando o vigor que ganharia, o feito não foi devidamente celebrado, os nomes de Josué de Castro, de Betinho e de Lula, entre outros, não foram devidamente honrados.
Nos esquecemos de que não apenas havíamos ganho a batalha contra a fome, mas, impedido o surgimento de uma sub-espécie humana no Brasil.
Esse anticlímax, fruto do crescimento da postura à direita, prenunciava o quadro que hoje vivemos, marcado por todo tipo de retrocesso. Não soubemos discernir os sinais dos tempos, como diria Jesus de Nazaré, e sofremos o golpe. Daí passamos a assistir ao prenúncio do terror!
Volta da fome é retrocesso humanitário
Disse a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello, em outubro de de 2016 (entrevista à Alerta Social): “O congelamento de gastos públicos por 20 anos, aprovado pela Câmara ameaça o conjunto de políticas que permitiu a ascensão social de milhões de brasileiros ao longo dos últimos anos. Com a PEC 241, (no Senado PEC 55) chegaríamos em 2036, na melhor das hipóteses, com recursos que tínhamos no inicio dos anos 1990”. Segundo Tereza Campello, a chance de o Brasil voltar ao Mapa da Fome já era, então, enorme.
Estamos diante de um retrocesso não apenas político e social, mas, humanitário. Um crime hediondo! Estes são os novos sinais, que nos apontam para um cataclismo social. Não podemos correr o risco de ver semelhantes nossos, brasileiros e brasileiras, colecionando, novamente, enfermidades e óbitos, antecipando o ressurgimento de sub-espécie humana que, com a vitória sobre a fome, havíamos debelado.
O Supremo Tribunal Federal que afastou o senador que misturou dinheiro com coliformes fecais, deveria ter impugnado a chapa que ora governa, e provas para isso havia e há. Não o fez e, agora, se torna cúmplice desse descalabro.
Fica a denúncia de que estamos sob a promoção da barbárie!
Nossa luta, portanto, muito mais do que ideológica, é humanitária!
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