A derrota eleitoral e a nova perspectiva

Por Orlando Balbás, de Cumaná, Venzuela, para Desacato.info

 

A ressurreição do cristo, não é mais do que o arrependimento

que ao terceiro dia de sua morte tem o mesmo povo que o

condenou. Compreende tarde essa população, o erro e a

injustiça cometida. Não houve entendimento das palavras

de paz e amor que pregoou o mártir filho de Maria e do

carpinteiro José. Uma burocracia religiosa do sanedrim,

máxima autoridade judaica, manipulou a opinião  dos mora-

dores dessa terra. Ignorantes que decidiram crucificar

Jesus de Nazareth, ao considerá-lo blasfemo e falso.

Adoçar a realidade é caminhar em falso até o cenário político que acaba de surgir a raiz das tendências eleitorais na América Latina. A atitude e o discurso do recentemente elegido presidente Macri na Argentina contra a Venezuela, são um alerta para os governos de caráter popular e nacionalistas. Surge então o fortalecimento das propostas pró-imperialistas.

A direita avança na Argentina, no Brasil e agora na Venezuela. As eleições parlamentares em nosso país estiveram precedidas de uma cruenta guerra econômica que conseguiu debilitar o apoio popular ao chavismo e o projeto bolivariano. A derrota foi contundente.

A proposta de aprofundar o processo de mudanças e a construção de uma sociedade mais justa e com equidade, vai ser contida e detida, o poder volta aos que durante muitos anos governaram a nação venezuelana, embora com rostos diferentes na sua maioria. Há que lembrar que dentro das tendências dominantes na direção opositora que acaba de triunfar, está o mais duro fascismo, a rança burguesia unida ao grêmio empresarial privado e aos genuínos interesses do poder político nos Estados Unidos.

Surgem lições bem definidas dos resultados das votações do domingo seis de dezembro de 2015, que deram a maioria qualificada à oposição. A correlação de forças no capitólio deixa em minoria o setor revolucionário. É indiscutível a influência que teve a escassez e a inflação na decisão dos eleitores para eleger os deputados.

O estado de Zúlia serve de referência para ter uma ideia mínima da magnitude numérica de ter obtido só dois parlamentares que quinze eleitos por circuito nessa região. Cento e doze deputados da oposição têm a potestade de remover os cimentos do processo que liderou o Comandante Hugo Chávez Frías e continuou o Presidente Nicolás Maduro. Para fácil dizer, mas, a profundidade disso está no racha histórico da unidade latino-americana obtida em menos de 11 anos.

Terão os partidos opositores a faculdade de revogar leis, criar outras, fazer juízo de mérito a presidente da república, remover magistrados, chamar a uma constituinte, fazer uma emenda constitucional, ordenar a instalação de missões militares estrangeiras na Venezuela (leia-se bases militares) entre outras.

A intenção de FEDECAMARAS, ao dar uma ordem à maioria opositora que se instalará em cinco de janeiro de 2016, na assembleia nacional, de revisar a lei de trabalho, é uma amostra da arremetida em contra dos trabalhadores. Esse aparição desesperada dos donos das empresas virá acompanhada da revogação das leis habilitantes aprovadas por Chávez, e todas aquelas outras lei de caráter social como a dos conselhos comunais e comunas e a eliminação de acordos internacionais, como o convênio Cuba-Venezuela, acordos com a China e a Rússia.

Por que perderam o chavismo e as forças progressistas?

Em primeiro lugar, a aplicação de uma tática de cansaço contra o povo pela implementação de longas filas produto da escassez de alimentos e produtos de primeira necessidade. Está foi a medula executora da guerra econômica, revertendo a opinião pública em contra da gestão do governo nacional e emplacando a ideia de sua incapacidade para aplicar corretivos à economia na Venezuela. Pelo que a chamada crise econômica na Venezuela não tem um caráter estrutural, senão artificial, induzido, criado expressamente como instrumento político para alcançar o poder e derrotar a revolução.

Agora a assembleia nacional vai dar um duro golpe constitucional, que terá seus calmantes e tempos de espera, no sentido de não agitar à população, nem converter suas medidas antipopulares num bumerangue explosivo.

Será separado do poder o presidente Nicolás Maduro e se dissolverão todos os poderes existentes, o que implica também na implantação de uma constituinte para fazer do estado de direito e de justiça uma realidade do passado. Essas são as possibilidades reais que poderão ser colocadas em operação entre os meses de janeiro e julho de 2016.

É o fim das forças revolucionárias na Venezuela?

Esta derrota eleitoral é uma grande prova do conseguido na consciência do povo e da firmeza dos dirigentes e militantes chavistas revolucionários. A capacidade organizativa e de mobilização, determinarão se as medidas da direita fascistas vão ter consolidação. Lembremos que mais de 5 milhões de venezuelanos votaram pela continuidade do plano da pátria e é compromisso moral e político, votos duros.

É uma etapa muito dura de reorganização e reestruturação de um grande movimento popular que agora dever ser fonte de esperança e de luta para dissuadir a grande repressão que se colocará em funcionamento para poder conseguir a dissolução do corpo lega transicional a um novo estado social.

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva, para Desacato.info

 

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