A Petrobras, o setor de petróleo e a eleição

Por Paulo Metri.*

Petrobras

Todas as falcatruas recém-denunciadas que bandidos de dentro da Petrobras teriam feito para agradar políticos corruptos e empresários corruptores, e para obter benefícios para si próprios, devem ser apuradas rigorosamente. Se as denúncias forem comprovadas, todos os corruptos e corruptores devem ser julgados, e as penas previstas em lei aplicadas.

No entanto, a roubalheira comprovada, desta ou de outras estatais, não se trata de um defeito intrínseco das mesmas. Entretanto, se houver vacilo na fiscalização, a probabilidade de roubos aumentará. Por isto, é preciso estar sempre alerta, porque os corruptores nunca desistirão de buscar um fraco de espírito para comprar. Cabe lembrar que empresas privadas também podem roubar recursos da sociedade. Por exemplo, quando sonegam impostos ou seus representantes subornam servidores públicos para ganhar obras superfaturadas do Estado.

Candidatos a presidente da direita, com apoio da grande mídia (1), sua aliada e claramente tendenciosa, usam os possíveis maus feitos de bandidos, que infelizmente ocuparam cargos na Petrobras, para crescerem perante o eleitorado, recriminando a presidente que tenta a reeleição. Esta postura pode ser muito prejudicial para a nossa sociedade, que pode cair na arapuca desta mídia, armada para a presente eleição.

Primeiramente, a presidente não está incentivando corrupção alguma. Quem de sã consciência acha que Dilma é corrupta? O efeito colateral deste ardil eleitoral é que a sociedade passa a acreditar que empresa estatal é o mesmo que um antro de corrupção. Este pensamento não verdadeiro facilita muito a compra de nossas estatais pelo capital externo em leilões de privatização, para poder remeter nossas riquezas para o exterior, em detrimento do povo.

Aliás, a grande mídia, tão preocupada em mostrar quem lesa o erário, deveria mostrar a lista dos devedores de tributos ao Estado feita pela Receita Federal. São basicamente empresas privadas e, inclusive, algumas são da própria mídia. Esta mídia, que não informa corretamente estes fatos, depois, posa de guardiã da moral e dos bons costumes! Além disso, será que ela não promove os candidatos que prometeram arrumar um jeito de o Estado perdoar suas dívidas, se forem eleitos?

Quando o Pré-Sal foi anunciado para a sociedade, em 2006, o editor Cesar Benjamim, em um dos primeiros artigos que apareceu, pregou que, com a grandeza da descoberta, o Brasil não deveria perder a chance de fazer um novo plano nacional de desenvolvimento. Foi a primeira vez que alguém me alertou para o fato de que o Pré-Sal era muito maior que a quantidade de óleo que carregava.

Posteriormente, constatei que, pela possível quantidade de óleo contido na área, pelo nível de compras e contratações de bens e serviços para a exploração e o desenvolvimento do Pré-Sal, pela expansão de indústrias locais resultante de política de compras locais, pelo requerimento de desenvolvimentos tecnológicos indispensáveis, pela logística a ser demandada, pela arquitetura financeira a ser acordada, enfim, por tudo a ser feito, ele tinha razão. Poucos países do mundo têm uma alavanca tão poderosa para sustentar o seu desenvolvimento. No entanto, se o povo brasileiro não votar conscientemente agora, todas estas forças indutoras do desenvolvimento serão aniquiladas.

Um próximo presidente poderá, primeiramente, aprovar uma nova lei para o Pré-Sal, revogando a dos contratos de partilha, aprovada em 2010, durante o mandato do presidente Lula. Em substituição, retornaria o uso da lei das concessões da era FHC para a área do Pré-Sal, a qual entrega o petróleo para quem o descobre. Este presidente provavelmente faria vários leilões de entrega de blocos, muitos dos quais contendo comprovadamente petróleo, com uma velocidade acima da capacidade financeira da Petrobras de arrematá-los. Então, as empresas estrangeiras levariam nosso petróleo, não comprariam quase nada aqui, trariam tecnologia do exterior, mas deixariam a miséria no país.

Uma alternativa de próximo presidente ao já descrito, pelo que se pode deduzir das suas confusas declarações, deixaria o petróleo do Pré-Sal no subsolo, pois ele não é uma energia renovável – apesar de, neste caso específico, ser não renovável, mas abundante. Segundo a mesma alternativa de presidente, o petróleo é poluidor e, portanto, é necessário investir em energias limpas como a eólica e a solar. Seria uma maravilhosa opção, em primeiro lugar, se existisse um meio de transporte movido a energia eólica ou solar. O principal uso dos derivados de petróleo é no transporte.

Em segundo lugar, seria maravilhoso se estas duas opções trouxessem para o país tanta divisa em moeda forte, royalties e parcelas para o Fundo Social quanto é obtido com a exportação de petróleo através dos contratos de partilha. Esta alternativa de presidente esquece que o brasileiro faz parte do nosso meio ambiente e é a principal espécime deste ambiente. As divisas, os royalties e as parcelas do Fundo Social podem salvar vidas brasileiras e, também, transformar outras vidas para melhor.

E tudo isto não se pode fazer com uma Petrobras difamada, como ela está sendo. Homens corruptos devem ser denunciados, mas denunciar a empresa só interessa a grupos estrangeiros.

Nota:
(1) Se algum leitor não sabe quem faz parte da “grande mídia”, seus componentes são os principais jornais do país, as revistas semanais, com exceção da Carta Capital, os canais abertos de televisão e muitas estações de rádio. Eles têm enorme influência na formação de opinião da sociedade, inclusive durante as campanhas eleitorais, e são subordinados ao grande capital, principalmente o estrangeiro. Assim, eles são instrumentos de dominação da sociedade a serviço do capital.

*Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania.

Fonte: Correio da Cidadania

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