Por Roberto Malvezzi (Gogó).
[EcoDebate] Millôr Fernandes, quando foi demitido da Veja por ocasião de seu apoio a Brizola na eleição de 1982, comentou – em outras palavras – com sua ironia desconcertante: “não tenho nada contra a Veja. Minha divergência é apenas de ordem política, econômica, ética…”. Mais tarde o humorista voltaria à revista.
Não leio Veja desde a década de 80, a não ser algum artigo que algum amigo me envie pela internet com aquele tipo de aviso: tem que ler. Claro, é inevitável ver sua capa em qualquer banca de revista ou livraria de aeroportos e rodoviárias.
Fico admirado de chegar às paróquias, sedes de ONGs, de movimentos sociais e ver a revista ali, devidamente comprada ou por assinatura. Sempre achei a revista a maior incitadora ao ódio de classes no Brasil, pela direita, é claro. Dos Sem Terra ao menino preso num poste, passando pela defesa do armamentismo dos brasileiros, as denúncias feitas por insinuações, nada que for do interesse da classe dominante escapa aos grilhões da revista.
Embora fartamente divulgado na mídia, é necessário sempre recordar que um dos proprietários da revista desde 2006 é o grupo NASPERS (The National Press). Esse conglomerado da mídia tem origem na África do Sul, criado para defender os interesses dos “africaners” (brancos da África do Sul), baseado nos princípios do Partido Nacional Socialista (daí Nazismo) e deu o suporte ideológico para a manutenção do apartheid.
Quando Roberto Civita faleceu, foi publicada na Folha uma matéria a partir de uma entrevista feita anteriormente com ele no jornal “O Valor Econômico”. Uma das perguntas feitas foi sobre a participação do grupo NASPERS na revista. Ele respondeu: “eles nunca interferiram”.
Só esqueceu-se de completar: “e nem precisava”.
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*Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
Fonte: EcoDebate