Outra comunicação para contrapor a criminalização dos movimentos

seminarioPor Clarissa Peixoto.

A importância da mídia alternativa na luta contra a criminalização dos movimentos e a disputa de hegemonia. Essa foi a temática da terceira mesa de debates promovida pelo 2º Seminário Unificado de Imprensa Sindical.

Participaram da discussão a jornalista Vívian Virissimo, editora do jornal Brasil de Fato; o jornalista do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Fábio Reis e a integrante do Coletivo Fora do Eixo, Raissa Galvão.

A primeira palestrante foi Vívian Virissimo. Ela apresentou o trabalho que desenvolve o jornal Brasil de Fato. “O Brasil de Fato nasceu da expectativa de militantes e organizações, empenhadas na produção de um jornal que pudesse disputar ideias com os grandes veículos”, recorda. No entanto, segundo Vívian, disputar a opinião com os meios hegemônicos é uma tarefa bastante difícil, pois é preciso enfrentar o poder econômico.

“O Brasil de Fato tenta realizar um diálogo com a nova classe trabalhadora, que sente na pele o dia-a-dia da exploração. Para isso, tentamos trabalhar as pautas e dar um formato leve ao jornal”, afirma.

Fabio Reis foi o segundo palestrante e relatou a criminalização do MST ao longo da história, destacando a forma como são tratadas as ações do movimento pelos meios de comunicação conservadores. Ao recordar a história do movimento, Fabio relatou os diversos estágios pelos quais passaram os meios de comunicação do MST, relembrando que a necessidade de veículos próprios que apresentassem as posições do movimento se impôs também em medida da ofensiva ideológica da grande imprensa.

“Como alternativa, criamos o boletim informativo Sem Terra, que logo virou jornal, tratando de temas conjunturais. A partir de 1995 se intensifica o trabalho de comunicação e em 1996, com o massacre de Carajás, o movimento passa a aparecer na mídia, o que reforçou nossa convicção de que era preciso criar veículos que dialogassem com a sociedade”, destaca.

“Nossa produção é colaborativa”, enfatiza a terceira palestrante, Raissa Galvão que contou aos participantes do 2º Seminário Unificado de Imprensa Sindical como se constituiu o Coletivo Fora do Eixo, uma alternativa ao circuito comercial de produção cultural.

“Ao longo do tempo, fomos percebendo que o Fora do Eixo ultrapassava os limites da produção cultural, ele também era um movimento social”, reforça. Com as características de movimento social e o trabalho desenvolvido pela Mídia Ninja, desdobramento do Coletivo que atua na cobertura de atividades dos movimentos sociais, o Fora do Eixo também foi alvo da criminalização. “Esse processo foi importante para nós, absorvemos muitas coisas e outras superamos”, apontou Raíssa.

Com um intenso debate entre palestrantes e público, a pauta da criminalização, mote principal do 2º Seminário de Imprensa, reforçou a importância da imprensa sindical para a construção de novos olhares sobre a notícia, visibilizando as lutas e constituindo novas representações simbólicas.

Foto: Rosangela Bion de Assis.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.